A ‘dança’ de Treinadores na 1ªLiga está este ano mais agitada do que nunca!
As saídas de Jorge Simão do Belenenses e de Marco Silva do Sporting mostram que já nem os êxitos desportivos são suficientes para a continuidade dos treinadores. Jorge Simão garantiu o apuramento para a Liga Europa, algo de que o clube estava afastado há vários anos. Marco Silva acabou de conduzir o Sporting à vitória na final da Taça. Mas o mais inesperado parece ser o nome do sucessor de Marco Silva. Nada mais nada menos que o atual treinador campeão nacional, Jorge Jesus, que parece não ter reunido os créditos suficientes para continuar no clube da Luz, ou pelo menos, da forma que queria. Apesar da ausência de confirmação oficial por parte dos clubes, e do desconhecimento dos tramites específicos que levaram à rutura entre o clube da Luz e o seu Treinador, parece-nos haver matéria para refletir em torno dos hipotéticos pros e contras destas mudanças.
Senão vejamos:
O que poderá ganhar o Sporting com a entrada de Jorge Jesus?
Um treinador experiente e muito conhecedor do campeonato português, obcecado pelo treino e pela preparação da equipa até à exaustão. O seu grande foco no rendimento desportivo a curto prazo pode aumentar a probabilidade de sucesso desportivo. Mas por muito capaz que seja o treinador, terá de ter jogadores com qualidade suficiente para poder fazer melhor. Caso contrário dificilmente poderá fazer melhor que Marco Silva ou Leonardo Jardim.
E o que poderá perder o Sporting?
A sua identidade de clube formador, dada a pouca tradição de Jorge Jesus em apostar em jovens jogadores portugueses. O principal desafio para o futuro do clube é, em minha opinião, saber como irá o novo treinador lidar com a integração dos jovens talentos da academia de Alcochete. Para além disso, o aumento da massa salarial do novo treinador poderá criar dois problemas adicionais. Primeiro, o agravamento da despesa no já comprometido ‘fair-play financeiro’ do clube de Alvalade. Segundo, a criação de assimetrias entre o ordenado do novo treinador e o tamponamento na melhoria dos salários dos jogadores mais valiosos do clube.
E o que poderá o Benfica ganhar com a entrada de Rui Vitória?
Caso se confirme a aposta em Rui Vitória, Luís Filipe Vieira terá finalmente um treinador alinhado com a sua visão de investimento na formação. Rui Vitória foi, esta época, o treinador da 1ª Liga que mais valorizou o seu plantel. Os dados mostram uma valorização média de mais de 50% do valor dos seus jogadores. É um treinador que tem historial de transformar jovens talentos, incluindo jogadores portugueses, em atletas competitivos e de elevada qualidade. Tendo em conta que o Benfica tem, neste momento, muito provavelmente a melhor academia de formação de jogadores em Portugal, este poderá ser o treinador que ajudará Luís Filipe Vieira a sedimentar esta visão. A visão lúcida de quem parece ter já mudado a estratégia de gestão do clube, perante o aumento do rigor do ‘fair-play financeiro’ para o triénio 2015/2016 a 2017/2018, agravado pela proibição do TPO (third part ownership) que a FIFA impôs desde janeiro deste ano, e impede que os clubes recorram aos fundos de investimento em jogadores.
E o que porá o Benfica em risco com a entrada de Rui Vitória?
Apesar de toda a solidez da estrutura do Benfica, a mudança de treinador pode trazer um período de adaptação ao clube que, temporariamente, o prejudique em termos de rendimento desportivo de curto prazo. Este período pode ser minimizado pelo próprio conhecimento que Rui Vitória tem da estrutura do clube da Luz. Mas existirá sempre um período de adaptação. E neste sentido, quem poderá lucrar a curto prazo é o FC Porto, que segue à distância os conturbados acontecimentos dos seus rivais de Lisboa.
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