A interrogação quanto à irregularidade das exibições das equipas de futebol é pertinente. Num jogo os jogadores conseguem evidenciar um colectivo quase perfeito, no seguinte perdem a noção de conjunto, e baixam consideravelmente a produtividade. Questiona-se, porque é que isto sucede? Logicamente os profissionais de futebol tal como os seus homólogos de outras profissões deveriam manter o mesmo rendimento.
O local de trabalho, tem o mesmo espaço, a junção, a união a interacção entre os colegas faz-se através de uma bola. O objectivo deste jogo é meter a bola num espaço enorme onde cabem 400. Claro que do outro lado está uma equipa opositora, que tem por missão evitar que a bola entre na sua baliza e simultaneamente procura introduzi-la na meta contrária. Quem planeia melhor, tem mais sucesso. Se não há planeamento ganha a equipa mais inspirada.
Comparemos a prestação do Benfica, no jogo para a Liga Milionária no qual realizou o melhor jogo da época. Efectuando uma exibição extraordinária, galvanizante, arrasadora, a qual vulgarizou e transformou o Twente, numa equipa banal. Quando na realidade é uma boa equipa, neste momento lidera o campeonato holandês.
Com a de ontem na Choupana, onde com os mesmos jogadores (faltou Garay) na primeira parte, o Benfica fez só 2 remates, no primeiro Cardoso marcou aos 26 minutos. Contra os holandeses no mesmo período o Benfica rematou 15 vezes. Ontem nos 45 minutos iniciais, quase não se viu futebol. Não, não foi por causa do intenso nevoeiro, mas sim pelo mau futebol praticado. Frente ao Twente na primeira metade a equipa realizou um espectáculo de gala.
Jesus no lançamento do jogo, disse que a deslocação à Choupana era talvez o jogo mais difícil, na situação de visitante. Aliás acertou, foi de facto um jogo complicado. Mas muito mais pelo menor rendimento do Benfica, o qual não repetiu a exibição de quarta-feira, nem explanou a sua cultura ofensiva, do que pela oposição do Nacional.
A projecção atacante encarnada não evoluiu fluentemente por várias razões. Os centrais abusaram no passe longitudinal. Os laterais não avançaram como habitualmente. O meio campo manteve a segurança de Javi, a inspiração de Witsel, mas faltou a arte, a magia de Aimar, que ao jogar mais adiantado, esperou pela bola, não a procurou, e o Benfica ficou sem organização. Nolito fez a sua pior exibição. Cardoso rematou, marcou, foi eficaz. Gaitan esteve perto do seu nível.
Uma equipa de futebol é um puzzle, em que todas as partes se interagem, fazendo o todo, desenvolvendo e mostrando a verdadeira imagem. Quando as peças se dispersam, não encaixam a gravura fica desfocada. Foi o que aconteceu. Contudo, Bruno César sozinho, qual Joker entrou nos espaços e individualmente deu uma imagem diferente ao resultado.
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