Fafe atraiu hoje espetadores de todas as paragens, gozando o momento, em grupos, nas tendas e autocaravanas, onde passaram a noite, comendo bifanas, bebendo cerveja, com música pimba e despiques de motosseras.
“Coisinha Sexy” ouvia-se, com o volume no máximo, numa coluna gigante montada no alto de uma plataforma de metal, onde um grupo de Terras de Bouro ia dançando e cantando. Desafinados, mas felizes.
“Damos música e alegria a toda a gente. A coluna está sempre a bombar enquanto houver corrente elétrica”, contou à Lusa Filipe Rosas, de 25 anos.
Mais à frente, um grupo de jovens de Felgueiras comia bifanas e bebia cervejas, ouvindo música.
“Viemos de Felgueiras com muita vontade de fazer a festa do rali de Portugal”, contou Vítor Ribeiro, que logo exibiu umas gaitas que soavam, estridentes, para a multidão.
De ano para ano, são cada vez mais os pontos de venda de cachorros quentes, formando uma alameda empoeirada, com cheiro a ‘fast food’, nas proximidades do salto, onde hoje se podiam ver longas filas de aficionados.
Helena Azevedo, de Santo Tirso, de 27 anos, acompanhada de nove amigos, contou à Lusa que todos os anos vêm ver o rali a Fafe.
“Passámos aqui a noite. Isto é sempre incrível, aquilo que nos traz aqui, mais do que os carros, é o espírito”, disse. Na mesa do seu grupo, junto ao carro, viam-se muitas cervejas, mas logo comentou, sorrindo: “Isto é sair um bocadinho da regra, mas faz parte destes dias”.
Cansado estava César Gonçalves, de 35 anos. Fazia parte de um grupo de ciclistas de BTT, de Fafe. “Subimos a serra de bicicleta todos os anos, é a tradição. O que gostamos é o ambiente. É um orgulho ter isto na nossa terra”, contou.
Os campeões da animação, mas sobretudo da cerveja, assim se reclamavam, são uns aficionados que montam a tenda há vários anos, no mesmo sítio. Vêm de Leça do Balio (Matosinhos) e exibem, orgulhosos, mais de 600 garrafas de cerveja, um novo recorde, consumidas desde sexta-feira, ouvindo Quim Barreiros.
“Eu sou a mascote do grupo”, contou um jovem, exibindo centenas de ‘minis’ penduradas em fila, em fios, e outras colocadas no tejadilho de um automóvel, motivando sorrisos e centenas de fotografias de quem passava pelo local.
Trata-se da “tenda da Super Bock”, que fica na sua “terra”, contou, prometendo que, para o ano, o grupo vai pedir um patrocínio àquela marca de cerveja.
“Nós costumamos dizer que não vimos aqui pelos carros, é mais pelo convívio. Fazemos aqui muitos amigos e para o ano cá estaremos”, contou, convidando o repórter para o almoço.
Noutro ponto estava Miguel Lima, de 26 anos, de Leitões, Guimarães, “a terra onde D. Afonso Henriques bebeu a primeira tigela de espadal [tipo de vinho verde tinto]”, gracejou. Na sua tenda, bebia-se vinho de garrafão, em vez de cerveja, acompanhado de carne, muita carne, no braseiro e cheiro convidativo.
Exibindo uma bandeira do Paraguai estava Ruben, de 25 anos, que, com um amigo, viajou daquele país sul-americano para ver o Rali de Portugal, pela terceira vez.
“Gosto muito dos ralis, mas este é especial, aqui tem um montão de gente, é espetacular, é especial. Este salto é o melhor do mundo, posso dizer”, comentou.
Pouco tempo depois, a multidão agitou-se e as bandeiras de vários países também, com a onda mexicana.
Ouviram-se as gaitas, os despiques quase musicais de motosserras, os cânticos da multidão e os helicópteros, anunciando que os WRC estavam quase a chegar para a segunda passagem pelo salto.
A primeira, de manhã cedo, mal se vira devido ao nevoeiro, para a segunda, à hora de almoço, o sol já raiava, para os bólides voarem para as icónicas fotografias que correm o mundo.
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