Fafe foi cenário de espanhóis “encantados” com Portugal, irlandeses com saudades de Graig Breen, duelo de bombos Benfica-Porto, as motosserras mais ‘top’ do mundo, romeiros loucos por ralis e uma barraca com centenas de garrafas de cervejas.
Muitos adeptos passaram a noite na serra, dormindo em tendas e autocaravanas, à espera do grande dia, como um grupo de Seia que chegou na tarde de sábado e que hoje, bem cedo, “matava o bicho” com fêveras grelhadas, churrasco e as “indispensáveis minis”.
“O frio é que nos atrapalhou durante a noite, o resto está tudo bem”, contou, João Batista, o zelador do grelhador, pela primeira vez em Fafe, para ver o rali.
Já Carlos, de Pontevedra, Galiza, voltou hoje, depois de alguns anos de ausência.
“Encantam-me os ralis aqui, porque os adeptos portugueses são impressionantes. Isto é outro mundo. Não há igual em toda a Europa”, disse.
Ao lado, Pedro, da Estremadura espanhola, que exibia, no cimo da sua autocaravana, uma bandeira daquela região.
“Seguimos todo o rali desde quinta. Ontem Amarante e agora Fafe, que é capital do Rali de Portugal, que é o mais espetacular do mundo”, referiu, sorrindo.
Mais à frente, na moldura humana que aguardava a ‘power stage’, um grupo de Guimarães, numa barraca improvisada, com cheiro intenso a comes e bebes, quase todos com camisolas do Vitória, incluindo algumas mulheres.
“Passámos a noite acordados. Isto do rali em Fafe é tipo 13 de maio, é uma peregrinação”, contou o mais falador do grupo, que nos mostrou uma banheira cheia de água e algum com gelo para refrescar as cervejas.
Os seus vizinhos eram uns “bons rapazes”, como se intitulou um grupo de Leça do Balio, Matosinhos, instalado na barraca que se preparava para ganhar o prémio de originalidade, com centenas de garrafas vazias de cerveja penduradas em cordas. Ali, José Carvalho pediu à Lusa para não ser fotografado, porque, contou, a mulher não sabia que ele estava ali.
Mais à frente, um grupo de Lousada, todos homens, uma terra que também se diz a “outra catedral dos ralis”.
Também ali tinham passado a noite: “Aqui é bom, porque você está 24 horas e 22 a dormir”, disse ao repórter, um dos mais “atrevidos”. O maior desejo das gentes da terra, confessou, é o mundial de ralicross voltar a Lousada, onde há muita tradição nos automóveis.
Tradição têm também, no troço da Lameirinha, as motosserras, que fazem barulho, há muitos anos nos ralis, rivalizando com as cornetas e gaitas.
“Temos de fazer barulho”, disse o jovem que exibia a máquina velhinha, mas ruidosa. “Há aqui muitas motosserras, mas igual a esta não há. É top”, precisou.
Das ilhas Canárias veio um jovem casal que se estreava no rali, em Fafe, envergando as cores espanholas.
“Os espanhóis gostam dos ralis. No norte de Espanha e nas ilhas Canárias é onde gostam mais. Aqui, o ambiente é genial, por isso estão cá muitos”, contaram à Lusa.
Por perto, junto a uma rulote de cachorros-quentes apinhada de gente, passava um adepto portista, que dançava com um copo de cerveja na mão, também a primeira vez em Fafe.
“É um ambiente único, é lindo. Vou voltar todos os anos”, disse.
Momento intenso da manhã foi o duelo de bombos entre Toni, com a camisola do Benfica, e Zé Luís, vestido à FC Porto. Os dois de Paços de Ferreira. “Futebóis” à parte, tocaram ambos afinados para a Lusa e, no final, disseram, registou-se um empate, sem videoárbitro, mas aplaudido pela multidão, incluindo uns finlandeses que passavam, batendo palmas.
E alegres estavam dois adeptos vindos da Estónia, com uma bandeira de grande tamanho. Lamentaram a má sorte do compatriota Ott Tänak e, à Lusa, admitiram que o rali de Portugal será, “talvez, o melhor do mundo”.
“Mas o melhor aqui são os adeptos portugueses, que são muito simpáticos. Fafe é um sítio muito espetacular”, acentuaram, prometendo voltar para o ano.
Junto ao troço viam-se bandeiras de várias nacionalidades, como é costume, mas este ano várias com as cores irlandesas, para recordar o piloto Greg Breen, recentemente falecido, como disse à Lusa um irlandês que vive em Guimarães.
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