Os dois jogadores da seleção francesa de râguebi presos na Argentina, acusados de violação, espancaram brutalmente a sua suposta vítima, no rosto, na cabeça e nas costelas, disse a advogada da mulher na província de Mendoza, onde os jogadores foram ouvidos na quarta-feira (10).
Hugo Auradou, de 20 anos, e Oscar Jegou, de 21, foram detidos na segunda-feira em Buenos Aires, dois dias depois de disputarem um amigável contra a Argentina em Mendoza (oeste).
O incidente teria ocorrido na noite de sábado para domingo, no Hotel Diplomático de Mendoza, onde estavam hospedados jogadores e equipa técnica para o primeiro treino contra os 'Pumas', como é conhecida a seleção argentina.
Segundo fontes policiais relataram à AFP sob anonimato, os atletas encontraram a mulher num bar após o jogo. Depois de se sentir tonta após tomar algumas bebidas, a mulher teria sido levada por Auradou e Jegou ao hotel e lá foi agredida sexualmente.
A advogada da denunciante, Natacha Romano, afirmou que a mulher foi agredida em todo o corpo quando tentava sair do quarto, onde, segundo a sua versão, ficou detida durante quatro horas.
"O principal golpe visível é um soco que atingiu um dos olhos, vários golpes na cabeça (...) nas costelas, que estão a ser analisados para ver se há quaisquer sequelas de uma fratura devido à força", disse Romano ao jornal local 'Mendoza Post'.
"Foram atos aberrantes e degradantes. A violência física mesmo aqui encobre o abuso porque, embora o mais grave destes crimes seja o abuso sexual com acesso carnal, a violência com que estes dois homens agiram foi impiedosa devido às lesões que causaram", acrescentou a advogada à 'Rádio Mitre'.
Na Argentina, o "acesso carnal" equivale a uma "violação", segundo o Ministério da Justiça.
Franceses chocados
Enquanto o incidente é capa dos jornais argentinos, as autoridades desportivas e de râguebi francesas expressam o seu choque diante das acusações e reforçam a importância de ouvir as versões dos jogadores.
Os atletas "confirmaram que tiveram relações sexuais com a jovem durante a noite, mas negaram firmemente qualquer forma de violência", escreveu a Federação Francesa de Râguebi (FFR), em comunicado.
O treinador dos acusados, Fabien Galthié, disse na terça em Montevidéu — para onde a equipa viajou para um amigável — que este episódio foi "um trauma" para sua equipa.
"Para o grupo, para a delegação, foi vivido como um trauma. Ficamos assustados quando soubemos da notícia e quando a polícia chegou ao hotel em Buenos Aires. Foi um dia muito difícil, muito, muito difícil, um momento difícil de viver", lamentou o técnico.
O presidente da FFR, Florian Grill, que viajou até a América do Sul para acompanhar os 'Bleus' a Montevidéu, disse à AFP após a sua chegada em Buenos Aires que permanecerá na Argentina para "gerir" o caso.
Pena de prisão pode chegar aos 20 anos
A procuradora-geral de Mendoza, Daniela Chaler, disse na terça-feira à rádio LV10 que "as lesões são compatíveis com o relato da vítima, que não necessariamente podem ser exclusivas de um abuso sexual".
"O depoimento foi bastante longo, extenso, detalhado e corresponde, em princípio, às conclusões do corpo médico forense. Há elementos contundentes", acrescentou a Daniela Chaler, da unidade de crimes contra a integridade sexual nesta província.
Se forem acusados após os resultados, poderão ser mantidos em prisão preventiva durante o processo judicial, que será realizado à porta fechada.
Uma vez culpados, os atletas poderão ser condenados a penas de até 20 anos de prisão.
A promotora do caso, Cecilia Bignert, tinha solicitado a prisão imediata dos suspeitos após a denúncia no domingo. "Agimos rapidamente com medo que eles deixassem o país", disse à AFP o porta-voz do poder judicial da província, Martín Ahumada.
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