
A final da Taça de Portugal é sinónimo de fim de época. No entanto, este ano, a decisão do segundo troféu mais importante e ambicionado do râguebi português acontece antes da fase final de apuramento do campeão nacional da Divisão de Honra cujo início está marcado para dia 22 e decorre ao longo de 10 jornadas.
A alteração, por força do modelo competitivo introduzido devido ao torneio de apuramento da seleção nacional para o campeonato do mundo Austrália 2027, não beliscou a preparação de CDUL e Cascais para o jogo decisivo.
Em conversa telefónica com o SAPO DESPORTO, os treinadores Gabriel Ascarate (Cascais) e Kane Hancy (CDUL) antecipam a final da 62.ª edição da Taça de Portugal Santander, sábado, dia 8, às 16h00, no CAR Jamor, em Oeiras.
Antigos jogadores e atuais treinadores abordaram ainda a forma com lidaram com as alterações do calendário competitivo e a ausência de jogadores que estiveram e estão ao serviço das seleções nacionais de XV (vão disputar o jogo dos 3.º e 4º classificados do Rugby Europe Championship) e Sevens (Challenger Series).
“Jogar finais e ver um clube a crescer”: a meta do Cascais
“Para mim, é muito importante trabalharmos, não só para ganhar e jogar as finais, mas ver um clube e uma equipa a crescer”, disse Gabriel Ascarate, treinador do Cascais. “E temos a sorte de jogar duas finais este sábado: a primeira equipa, mas também com o Challenge (final frente ao Belenenses). É muito importante para o clube”, realçou.
A equipa da Linha de Cascais venceu o troféu em quatro ocasiões, a última das quais na longínqua época de 1992-1993, curiosamente com o CDUL (37-13) e festejou, pela última vez, o título de campeão nacional em 1996. A penúltima final da Taça aconteceu há 10 anos, curiosamente jogada (e perdida) diante os universitários.
O jejum de títulos alimenta a vontade de triunfar do clube liderado por Ascarate, antigo Puma. “O Cascais não ganha há muito tempo, por isso, é especial para nós. Espero que seja uma oportunidade”, sintetizou o treinador, ex-internacional argentino que procura alcançar o primeiro troféu no râguebi português depois de ter perdido a final da Divisão de Honra em 2022-2023, frente ao Direito, como jogador.
“Estamos aqui para vencer a final”, aponta o CDUL
Kane Hancy, por seu turno, já sabe o que é vencer uma final. Venceu a Taça de Portugal no ano passado, ao serviço da Agronomia e foi campeão nacional (Técnico, 2020-2021) e vice-campeão (Agronomia, 2023-2024).
“Há muitas maneiras de se preparar para uma final, seja a mentalidade dos nossos jogadores, o ambiente ou a abordagem tática”, começou por explicar.
“Mas os fundamentos permanecem os mesmos. Uma final da Taça é uma ocasião especial e, cliché ou não, muitas vezes resume-se a quem quer mais no dia. É sobre o desejo e a disposição de deixar absolutamente tudo em campo. “Estamos aqui para vencer a final”, avisou o neozelandês.

Jogar com os lobos ausentes
CDUL e Cascais emprestaram esta temporada diversos jogadores às seleções de XV e, mais recentemente, à de sevens.
Uma particularidade sobressai nos verdes de Cascais: os dois talonadores vestem a camisola dos lobos no REC2025.
“No início da época sabíamos que poderíamos ter o Santiago (Lopes) e o Nuno (Quaresma) convocados para seleção. É importante para nós e para eles. E é reconhecido o trabalho que estamos, e que eles estão, a fazer no clube”, detalhou o argentino que virou treinador depois de ter defendido em campo as cores do clube desde 2021.
Por essa razão, “começámos a trabalhar com outros jogadores para quando fossem chamados estarem preparados para os substituir”, explicou.
Recua à preparação da época e ao prévio conhecimento das alterações do calendário. “A preparação não foi diferente porque as regras foram claras desde o princípio. Acho que todos os treinadores, jogadores e clubes já trabalharam com essa informação. Saber com que jogadores íamos contar para o Torneio de Abertura, para a Taça de Portugal e que jogadores íamos contar depois para jogar com os melhores seis equipas”, sublinhou Gabriel Ascarate.
“São as regras, temos de aceitar e trabalhar com elas. Não foi um problema”, constatou. “Temos de buscar soluções e tentar ser competentes, sempre”, finalizou.

As ausências também moraram no lado dos universitários. “Tivemos jogadores importantes ausentes em certos jogos” e o mesmo se repetirá “novamente na final”, antecipou Kane Hancy, embora os lobos Tomás Appleton, Francisco Pinto Magalhães e Vasco Baptista estejam no XV inicial.
.“Mas a abrangência que construímos no CDUL e a confiança que tenho nos rapazes que vão entrar em campo não me deixam dúvidas”, antecipou.
“Não se trata apenas dos 23 em campo para a final, mas todo o plantel. Cada jogador desempenhou um papel para nos trazer até aqui, nos jogos ou nos treinos. Este tem sido um esforço coletivo desde o início da nossa campanha”, resumiu o neozelandês que olha de forma simplista o modelo competitivo. “Tem prós e contras...mas, no final das contas, acho que é mais benéfico, pois temos jogado contra equipas de bom nível, semana após semana, que são semelhantes aos seis primeiros”, concluiu.
Caixa: Palmarés de Cascais e CDUL
O CDUL é detentor de 9 Taças de Portugal: 1968, 1977, 1979, 1986, 1988, 1989, 2013, 2015 e 2023. Os universitários somam ainda 10 finais perdidas.
O Cascais contabiliza 4 (1987, 1991, 1992 e 1993), e terá de recuar até 1993 para recordar a última placa de madeira levantada. A equipa da Linha foi vencida em seis finais, a última das quais em 2016-2017, sendo que dois anos antes, perdeu o jogo decisivo frente ao adversário deste sábado.
As duas equipas já se defrontaram três vezes e a vantagem tomba para os lados da Linha, duas taças conquistadas (1986-87 e 1992-93) e uma perdida (2014-2015).
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