A Federação Portuguesa de Râguebi (FPR) vai “pedir justificações” à World Rugby sobre a elegibilidade de Gavin van der Berg para jogar pela seleção espanhola, admitiu hoje à agência Lusa o presidente do organismo, Carlos Amado da Silva.
O pilar de naturalidade sul-africana foi utilizado por Espanha em dois encontros da qualificação para Mundial de 2023, ambos frente aos Países Baixos, mas notícias recentes sobre uma reclamação formal efetuada por outra federação vão levar a FPR a questionar o organismo que tutela a modalidade a nível internacional.
“Não quero ganhar nada na secretaria, mas perante estas notícias não posso ficar indiferente nem deixar de defender os nossos interesses. Não o fizemos antes, não defendemos este tipo de situações, mas vamos questionar [a World Rugby]”, adiantou Amado da Silva.
O regulamento de elegibilidade da World Rugby estabelece que um jogador pode tornar-se elegível para representar um país diferente daquele onde nasceu por ascendência familiar ou residindo no novo país durante três anos de forma ininterrupta ou 10 anos alternadamente.
Gavin Van der Berg chegou a Espanha em 2018 e estreou-se pelos ‘leones’ em dezembro de 2021, mas terá interrompido a sua ‘estadia’ em Espanha entre maio e setembro de 2019 quando, alegadamente, regressou à África do Sul após o final do campeonato espanhol.
O líder da FPR, de resto, assumiu ter “estranhado” que a Roménia não tivesse apresentado queixa após perder o jogo com a Espanha, em fevereiro, mas disse desconhecer se uma eventual reclamação formal partiu ou não da federação romena.
“Após o Roménia-Portugal, o presidente da federação romena [Alin Petrache] falou comigo, dizendo que aquele jogador não estava elegível. Na altura, questionei o presidente da Rugby Europe [Octavian Morariu], que me disse que estava tudo em ordem”, relatou Amado da Silva.
Agora, perante uma eventual investigação, Amado da Silva admitiu que “os espanhóis podem ter problemas” e, apesar de sublinhar que não tem “provas de nada”, admite que “tudo isto é muito estranho”.
“A verdade é que o rapaz nunca mais jogou e estava no balneário espanhol quando fui felicitá-los pela vitória e pelo apuramento para o Mundial. Resta saber se não haverá também problemas com os romenos, nomeadamente com o neozelandês e o australiano [Jason Tomane e Hinckley Vaovasa]”, comentou.
A confirmar-se a utilização irregular de Gavin van der Berg, a Espanha poderia perder, pelo menos, os 10 pontos conquistados nos dois encontros frente aos Países Baixos, de qualificação para o Campeonato do Mundo de França2023.
Nesse cenário, a Roménia subiria ao segundo lugar e conseguiria a qualificação direta, enquanto Portugal terminaria a qualificação europeia em terceiro e seguiria para o torneio de repescagem mundial, a disputar em novembro.
Seria também a segunda vez consecutiva que a Espanha ficaria de fora do Mundial devido à utilização irregular de jogadores.
Em 2018, a World Rugby sancionou a Espanha, a Roménia e a Bélgica pela utilização de jogadores não elegíveis, decisão que resultou no apuramento direto da Rússia para o Mundial de 2019, após terminar a qualificação em quarto lugar.
Comentários