Inês Domingues, vice-campeã mundial de orientação de precisão, destaca na modalidade que pratica a combinação da componente física com o desafio intelectual, algo como "jogar xadrez enquanto se corre numa pista de obstáculos".
Natural da Marinha Grande, a atleta de 25 anos do Clube de Orientação do Centro (COC) conquistou no passado fim de semana a medalha de prata na prova de orientação de precisão (designada por TempO), no campeonato do mundo de orientação de precisão, que decorreu em Idanha-a-Nova, depois de ter obtido um sétimo lugar no europeu na Eslováquia e o sexto no mundial na Letónia, em 2018.
Em entrevista à agência Lusa, Inês Domingues considera que a orientação, nas suas diversas vertentes, "é um desporto diferente".
"Não é só a parte física, até porque eu não gosto só de correr, tem a parte intelectual, é interessante e difícil, vamos vendo o mapa e há um convívio que não vemos noutros desportos, toda a gente se conhece, é muito familiar. Além disso, passamos por paisagens espetaculares que de outra forma dificilmente conheceríamos", destacou.
Para ilustrar melhor, a jovem médica lembra que “alguém disse uma vez que é como jogar xadrez enquanto se corre numa pista de obstáculos".
Orientação pedestre é uma corrida, uma espécie de trail, com um mapa, onde está assinalada a partida, a chegada e vários pontos por onde o atleta tem que passar pela ordem correta no menor tempo possível, já a orientação de precisão, na qual Inês venceu a medalha, foi feita para incluir pessoas com deficiência física, como atletas em cadeiras de rodas, que não conseguem percorrer os caminhos habituais da pedestre.
No evento de TempO, participam os atletas da classe open e classe paralímpica em igualdade e a classificação é geral.
"Os meus pais já faziam orientação e eu, desde pequena que acompanho a minha mãe. Depois comecei a competir, primeiro orientação pedestre e depois passei a fazer de precisão também", recordou à Lusa.
Inês Domingues conta que, em Portugal, não há muitos praticantes, mas o número tem subido, ainda assim muito aquém dos países nórdicos, onde há uma grande tradição da modalidade e de onde normalmente saem os vencedores das diversas competições.
Em Idanha-a-Nova, a campeã foi a sueca Marit Wiksell e o terceiro classificado o finlandês Antti Rusanen.
"A semana que antecedeu o campeonato não me correu bem, cometi vários erros e não estava nada confiante para a prova. Na qualificação, pensei em fazer as coisas devagar para não cometer erros, que significam penalizações, e apurei-me para a final. Depois, o meu namorado disse-me para arriscar e tentar ser mais rápida. Estava muito concentrada e senti-me bem. Fiquei em primeiro durante muito tempo, mas depois a atleta sueca fez melhor tempo e acabei em segundo", disse.
O próximo campeonato do mundo é em 2020, em Hong Kong. Inês Domingues espera participar, mas a decisão final será da Federação Portuguesa de Orientação.
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