O ‘motard’ português Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) considerou hoje que o facto de o rali Dakar de todo-o-terreno ser disputado integralmente no Peru desvirtua as origens da prova.
“Isto não é o Dakar", referiu Joaquim Rodrigues Jr., em declarações à agência Lusa, a partir do bivouac [acampamento], em Arequipa, onde hoje a caravana passou hoje o dia de descanso da competição, aludindo ao facto de a prova decorrer integralmente no Peru, algo inédito na história da competição.
"Isto não é o Dakar. Não é este o espírito original do Dakar. É duríssimo, é verdade, mas o espírito não é o mesmo e torna-se perigosíssimo. Enfrentamos retas de 14 quilómetros, no meio de ‘fesh-fesh’ [pó muito fino], de pedras e de ‘prego a fundo'. É só gente a cair", relatou.
Uma das vítimas da dureza do percurso foi precisamente o cunhado do piloto de Barcelos, Paulo Gonçalves (Honda), que foi transportado de helicóptero no decorrer da quinta etapa, na sexta-feira, após uma violenta queda que lhe provocou um ligeiro traumatismo craniano.
O piloto da Hero reconheceu ter ficado afetado pelo abandono de Paulo Gonçalves, mas ainda mais por voltar a passar no sítio onde sofreu a queda que ditou o abandono da prova em 2018, na primeira etapa, com uma fratura na coluna.
"Passámos no mesmo local onde caí, mas em sentido contrário. Não me lembro do acidente em si, mas subir aquilo [a duna] deu-me arrepios. Era uma altura tremenda", explicou, admitindo que só conseguiu relaxar "ao terminar a etapa".
Joaquim Rodrigues recordou a semana “cheia de problemas”, como uma avaria na bomba de combustível, no segundo dia, uma queda, no terceiro, na qual perdeu o ‘road book’, retirando-o dos primeiros lugares.
“Na quinta etapa, também estava no meio do pó e depois de passar pelo meu cunhado, segui com calma", frisou.
Joaquim Rodrigues Jr. chegou ao dia de descanso na 28.ª posição, a 2:37.53 horas do líder, o norte-americano Ricky Brabec (Honda).
"O objetivo agora é terminar o que não consegui no ano passado e chegar ao final da prova", frisou o barcelense.
Mário Patrão (KTM), na 21.ª posição, é português mais bem classificado, a 1:52.45 horas do comandante.
António Maio (Yamaha), o luso-alemão Sebastian Bühler (KTM), David Megre (KTM), Fausto Mota (Husqvarna) e Miguel Caetano (Yamaha) seguem, respetivamente, nos 30.º, 33.º, 44.º, 49.º e 88.º lugares.
Miguel Jordão (Can-Am) é o primeiro luso nos SxS, no oitavo lugar, 2:12.32 horas do líder, o chileno Rodrigo Piazzoli (Can-Am). Ricardo Porém (Can-Am) segue no 10.º lugar e Pedro Mello Breyner (Can-Am) no 19.º.
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