O presidente do Maratona Clube de Portugal assumiu hoje que a retoma das corridas populares de atletismo está dependente da vacinação para o novo coronavírus, lamentando os danos causados pelo Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1.
“O que penso é que a vacinação de um ou dois milhões de pessoas, sobretudo dos grupos de risco, será uma luz ao fundo do túnel, porque vai permitir reduzir o receio de participação dos mais jovens”, afirmou Carlos Moia, em conferência de imprensa, na qual anunciou o adiamento da Meia Maratona de Lisboa para 12 de setembro de 2021.
O responsável reconheceu que a emblemática corrida lisboeta, que parte da Ponte 25 de Abril, em Almada, está “dependentíssima da vacina”, admitindo que “sem vacina não haverão provas nenhumas”.
O terceiro adiamento da 30.ª edição da Meia Maratona de Lisboa, inicialmente marcada para 22 de março deste ano e que já tinha sido alterada para 06 de setembro de 2020 e 09 de maio de 2021, ficou a dever-se à impossibilidade de organizar uma prova “apenas com atletas de elite” ou uma corrida “para mil ou duas mil pessoas, com imensas restrições”, reconhecendo que a retoma do desporto está a ser prejudicado pelo sucedido no Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1.
“Foi uma vergonha e é exatamente isso que não queremos fazer. Sabemos que não é possível cumprir todas as indicações, com 30 mil pessoas de máscara à partida e à chegada, com o distanciamento de 1,5 metros. Simplesmente, não é verdade que se consiga assegurar tudo a 100%, por isso, é preferível esperar”, referiu.
Carlos Moia acentuou que as repercussões do incumprimento do público na prova do Mundial de Fórmula 1, disputada em 25 de outubro, vão muito além das provas organizadas pelo Maratona Clube de Portugal.
“Os efeitos do Grande Prémio de Fórmula 1 sentem-se, sobretudo, nos jovens que estão impedidos de treinar e competir – só no futebol são 120 mil –, sendo que também vai ser péssimo para o [piloto de MotoGP] Miguel Oliveira, que espero que vença em Portimão, onde merecia ter o apoio do público”, prosseguiu.
Com a previsível impossibilidade de organizar a meia maratona no primeiro semestre de 2021, dado o contexto pandémico, Carlos Moia assumiu que o reagendamento visa “jogar na antecipação, relativamente às provas europeias da distância”, que, segundo o responsável, se vão acumular na segunda metade do ano.
Com um ano e meio de atraso, a corrida vai celebrar o 30.º aniversário com uma “grande corrida”, para a qual conta com cerca de 30 mil inscritos, entre os quais 9.500 estrangeiros, e uma “tentativa de bater o recorde do mundo”.
O recorde do mundo da distância é atualmente de 58.08 minutos e está na posse do queniano Geoffrey Kamworor desde 15 de setembro de 2019, quando bateu a marca do compatriota Abraham Kiptum (58.18), alcançada em Valência, em Espanha.
Entre março de 2010 e outubro de 2018, o melhor registo mundial nos 21,0975 quilómetros tinha sido alcançado na Meia Maratona de Lisboa, pelo eritreu Zersenay Tadesse (58.23).
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