Um estudo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), publicado no American Journal of Human Biology, revela que um terço das crianças de Coimbra e Lousã não pratica desporto extracurricular.
Numa nota enviada hoje à agência Lusa, a FCTUC refere que a investigação visou “identificar características e comportamentos, quer da criança, quer da família, que influenciam a prática de desporto extracurricular em crianças com idades compreendidas entre os seis e os dez anos a viver na zona Centro de Portugal, em diferentes contextos e de várias origens socioeconómicas”.
Realizado por uma equipa do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), a investigação, que “envolveu 834 pais e respetivas crianças, 424 meninas e 410 meninos, a estudar em escolas primárias públicas de Coimbra e Lousã”, mostrou igualmente que “os valores relativos à prática de desporto extracurricular são semelhantes em ambos os sexos”.
Observou-se também, como explica a primeira autora do artigo científico, Daniela Rodrigues, que “crianças de famílias com maior estatuto socioeconómico, em que a mãe e o pai praticam atividade física, e com mais acesso a infraestruturas recreativas e desportivas, têm maior probabilidade de praticar desporto e praticá-lo mais vezes por semana”.
Por outro lado, sublinha Daniela Rodrigues, citada pela FCTUC, “crianças com excesso de peso (incluindo obesidade) e crianças que passam mais de duas horas por dia a ver televisão têm menor probabilidade de praticar um desporto ou praticam com baixíssima frequência”.
De acordo ainda com a investigadora do CIAS, estas conclusões chamam a atenção para a necessidade de, a nível autárquico, “se oferecer uma grande variedade de espaços e modalidades desportivas”.
As crianças “têm gostos diferentes e precisam de conviver de perto com os hábitos desportivos para fomentarem esse gosto”.
Além disso, “não basta existir um campo de futebol ou um parque”, é preciso “mantê-lo e dar também atenção aos acessos”, alerta Daniela Rodrigues, exemplificando com aspetos como iluminação, tráfego automóvel e passeios ou passadeiras.
Criar programas desportivos “gratuitos que, por exemplo, podem ser oferecidos nos espaços das escolas, é uma boa alternativa para incentivar a prática de desporto extracurricular nas crianças economicamente mais desfavorecidas”, sublinha a especialista.
Já a nível familiar, Daniela Rodrigues recomenda que, em casa, os pais se preocupem em ser “modelos de vida saudável para os filhos, tentado reduzir o tempo em frente ao ecrã (televisão e computador), como também praticando mais atividade física”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as crianças devem praticar, no mínimo, 60 minutos de atividade física por dia, através da combinação de vários comportamentos, como ir a pé para a escola, ter brincadeiras ativas dentro e fora do horário escolar e praticar desporto.
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