O atleta madeirense Tomás Lacerda cumpriu hoje, pela primeira vez, a travessia entre as ilhas do Porto Santo e da Madeira em stand up paddle (SUP), cumprindo os 81 quilómetros em 11 horas e 18 minutos.

“Por incrível que pareça foi um dos melhores dias da minha vida, mais calmo e sereno, com um pouco de sofrimento, mas faz parte. Foi muito difícil, mas sabia que este era o meu destino”, afirmou Tomás Lacerda à chegada à praia Formosa, no Funchal, pouco depois das 18:00, após ter partido de Porto Santo às 07:00.

As dificuldades, segundo o atleta que já soma 20 títulos nacionais, surgiu já na chegada à Madeira, nomeadamente na Ponta de São Lourenço, porque falhou a rota inicialmente traçada e teve de corrigir o percurso, seguindo-se uma tarefa árdua que voltou a complicar na zona do Porto Novo devido à forte ondulação e vento forte.

“Inicialmente foi mais fácil do que aquilo que esperava, mas depois acabei por pagar caro com o vento forte. Por mais que duvidasse na parte final, porque a fadiga começou a aparecer, tive a sorte de alguns amigos se juntarem e darem muito apoio”, adiantou Tomás Lacerda.

A iniciativa, que partiu de um sonho em comum entre o atleta e o seu pai, que morreu este ano, teve como principal objetivo ajudar a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

“O objetivo era sem sombra de dúvidas ajudar a Liga Portuguesa Contra o Cancro, porque foi isso que me tirou o meu pai. Nos momentos mais difíceis ao longo desta travessia tinha sempre presente que se as pessoas lutam contra o cancro, porque é que eu não irei lutar até ao fim. Isto é para todos aqueles que perderam alguém com cancro ou que estão a lutar contra essa doença”, sublinhou.

Tomás Lacerda, que se encontra a estudar Desporto em Lisboa, garantiu que este tipo de iniciativas também serve para promover a modalidade.

“Esta é uma modalidade que tem vindo a crescer no resto do mundo e Portugal não é exceção. Aqui na Madeira os resultados são visíveis, temos campeões nacionais em todas as categorias, vice-campeões europeus e pódios a nível internacional, portanto, o objetivo é tentar atrair mais praticantes”, adiantou.

Em janeiro de 2020, Tomás Lacerda fez história por duas vezes, ao tornar-se no primeiro português a subir ao pódio da prestigiada prova 'GlaGla Race 2020', na qual ficou a 30 segundos do primeiro classificado, numa prova disputada nos alpes franceses, onde tornou-se, igualmente, no primeiro júnior português a vencer uma prova internacional na modalidade. Na maratona, de 630 atletas, terminou em 14.º lugar.

Por agora, pretende parar uma semana para descansar antes de iniciar a preparação para o mundial de seleções, seguindo-se o europeu de Portugal e, por último, o mundial de ICF, na Tailândia.