As autoridades suecas acusaram hoje a inteligência militar da Rússia de ter pirateado em 2017 e 2018 dados informáticos da entidade que supervisiona as federações desportivas do país, à semelhança do que fez com grandes instituições internacionais.

“Violações repetidas e abrangentes” à Confederação Sueca de Desportos resultaram no acesso indevido a dados pessoais de atletas, como registos médicos, em violações de informação privada que também tinham sido denunciadas pela FIFA, Agência Mundial Antidopagem e Tribunal Arbitral do Desporto, entre outras organizações espiadas.

As atividades ilegais foram descobertas pelos serviços de segurança suecos em cooperação com homólogos de outros países, impedidos de prosseguir com as investigações devido à ausência das “pré-condições necessárias para a instauração de processos judiciais no exterior ou a extradição para a Suécia”.

Segundo o procurador público Mats Ljungqvist, as violações de dados ocorreram de dezembro de 2017 a maio de 2018, altura em que o país estava a preparar uma proposta para receber os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026.

O procurador acrescentou que as violações de dados fazem parte de uma campanha maior e sistemática de ‘hackers’ russos contra organizações desportivas internacionais.

“Este é um crime grave contra a humanidade e os valores, onde informações pessoais que podem ser confidenciais foram espalhadas sem a menor preocupação sobre como podem afetar os indivíduos”, lamentou Bjorn Eriksson, presidente da Confederação Sueca de Desportos.

Em 2018, os Estados Unidos emitiram acusações por suposta invasão russa aos seus organismos olímpicos e de futebol.

A denunciada campanha de ‘hackers’ começou depois de o programa de doping generalizado apoiado pelo governo russo ter sido exposto em 2015, levando o desporto do país a ser banido em grandes competições internacionais, incluindo Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus.