O secretário de Estado da Juventude e Desporto (SEJD), João Paulo Correia, assegurou hoje que o novo pacote de medidas de combate e prevenção à violência no meio desportivo deverá estar em vigor no início da próxima época futebolística.
Após ter sido aprovada na Assembleia da República, na especialidade, o SEJD acredita que a nova jurisdição será também, "nesta ou na próxima semana", levada adiante pela votação final global, de forma a irradiar aquele que diz ser "um dos maiores flagelos" da realidade desportiva portuguesa.
Na cerimónia de abertura do 17.º Congresso Internacional de Futebol da Universidade da Maia, João Paulo Correia elencou as inovações do Governo, como a obrigatoriedade de todos os clubes possuírem um 'gestor de segurança', um elo de ligação com as autoridades locais, a criminalização dos apoios ilegais aos grupos organizados de adeptos, entre outros propósitos, como o empoderamento das forças policiais.
"Queremos dar mais capacidade de resposta às autoridades policiais para que aquele incidente em Guimarães, no início da época passada, quando um grupo de vândalos de clubes diferentes se juntou para vandalizar as ruas da cidade, não se repita. Como foram danos em propriedade privada, as autoridades não podiam intervir sem a queixa do proprietário. A partir de agora, em todos os danos em contexto desportivo, as autoridades podem intervir de imediato", exemplificou João Paulo Correia, lembrando a receção do Vitória de Guimarães aos croatas do Hadjuk Split, para a Liga Conferência Europa.
Sem nunca mencionar a recente polémica que envolve o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, que, em entrevista à Lusa, acusou o primeiro-ministro, António Costa, tal como a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, de ser desinteressado pelo olimpismo nacional, o SEJD voltou também a mencionar a necessidade do controlo das sociedades desportivas (SAD) para uma maior transparência dos clubes, com requisitos rigorosos de idoneidade para investidores, gerentes e gestores.
"Era necessário um pacote de medidas que fosse bom para o bom investimento e para o bom investidor, que permitisse condições saudáveis de concorrência. Já vimos muitos clubes históricos do nosso país a cair às mãos de sociedades anónimas desportivas. Todos nós conhecemos exemplos, se calhar, até adeptos desses clubes que foram vítimas de gestão danosa. 30% das SAD criadas em Portugal caíram na insolvência, extinção ou dissolução. Qualquer setor económico com uma taxa de 30% tem uma doença grave", justificou.
Numa intervenção assente em três focos diferentes, João Paulo Correia referiu-se ainda às apostas como "uma das maiores ameaças à verdade desportiva em Portugal" e alertou para a tendência de grandes investidores manipularem as competições, e saudou o facto de o Governo ter conseguido aprovar, em Conselho de Ministros, um novo conjunto de medidas, algo almejado desde 2015, esperando agora a aprovação da Assembleia da República.
O 17.º Congresso Internacional de Futebol da Universidade da Maia, que homenageia o professor catedrático José Neto, formador de treinadores e observador nas equipas técnicas de José Maria Pedroto e Artur Jorge no FC Porto, realiza-se entre hoje e 06 de junho.
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