O Kremlin classificou hoje de "injusta" a manutenção da suspensão da Agência Russa Antidoping (RUSADA), decretada pela Agência Mundial (AMA), a menos de três meses dos Jogos Olímpicos de Inverno, sem certeza de participação do país.

“Evidentemente, não estamos de acordo com esta decisão. Consideramo-la injusta. Rejeitamos categoricamente as acusações segundo as quais os casos de doping foram apoiados pelo Estado”, declarou o porta-voz do governo, Dmitri Peskov.

A AMA manteve hoje a suspensão da RUSADA a menos de três meses dos Jogos Olímpicos de Inverno Pyeongchang2018, de 09 a 25 de fevereiro na Coreia do Sul, continuando assim em dúvida a participação de atletas russos.

Esta decisão foi tomada no Conselho da Fundação da AMA, reunido em Seul, e que seguiu a orientação do Comité Executivo do organismo.

Peskov garantiu que a Rússia “continuará os contactos com as organizações desportivas internacionais para defender a sua posição”.

“Estamos a preparar-nos para os Jogos Olímpicos", acrescentou, sendo que a comissão executiva do Comité Olímpico Internacional (COI) vai decidir a questão russa no início de dezembro em Lausana, Suíça.

A RUSADA foi suspensa pela AMA em novembro de 2015, na sequência de um escândalo que afetou o desporto na Rússia, acusada de ter um sistema de doping apoiado pelo estado de 2011 a 2015.

O organismo russo tem, entretanto, cumprindo com a grande maioria dos critérios estabelecidos pela AMA, que, no entanto, ainda espera por um reconhecimento por parte de Moscovo quanto ao relatório condenatório produzido pelo jurista canadiano Richard McLaren, que revelava a dimensão institucional do sistema de dopagem.

Desde o início do escândalo que a Rússia se recusa a admitir o sistema organizado de doping apoiado pelo estado, com Peskov a repetir hoje que “não pode haver qualquer discussão” quanto a esse facto.

Esse “reconhecimento sem condições do relatório McLaren” é impossível, disse hoje o presidente do Comité Olímpico da Rússia, Alexandre Joukov, que esteve em Seul, juntamente com o ministro dos Desportos, Pavel Kolobkov, para defender a posição do país.

“Aceitamos o facto de que o nosso sistema nacional antidopagem falhou. Esse fracasso foi o resultado de atividades organizadas por um grupo de indivíduos para seu proveito. Mas rejeitamos totalmente um sistema de doping apoiado pelo estado”, disse Joukov.

Na sequência deste caso, os atletas russos foram excluídos de várias competições internacionais, entre as quais os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio2016.