O presidente da Federação Portuguesa de Remo (FPR) disse que a organização do Mundial de remo de mar é "um primeiro passo" para fazer crescer a modalidade e pediu que o Estado defina uma política de apoio efetiva.
“É muito importante para o remo nacional ter esta prova, assim como para Oeiras e para o país. Vamos ver se temos a capacidade de tirar o proveito deste evento, pois trata-se da verdadeira concretização do que é o turismo de mar”, disse Luís Teixeira, em entrevista à agência Lusa.
Com mais de 1.000 atletas confirmados para a competição que vai decorrer em Oeiras, na praia da Torre, Luís Teixeira não duvida de que o evento tem tudo para ser um sucesso.
“Tivemos uma adesão magnífica porque a nossa costa é fantástica e tem condições únicas. A grande ideia da federação internacional e da FPR é ser um primeiro passo para fazer crescer a modalidade”, assumiu o dirigente, recordando que o remo de mar está a fazer o seu caminho para estar nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028, e que já este fim de semana estarão nas águas portuguesas vários campeões e até medalhados olímpicos de Tóquio2020.
“É uma modalidade com condições para crescer e que está no âmbito do espírito olímpico, que passa por tornar as modalidades mais apetecíveis, com recintos desportivos mais baratos e mais espetaculares. É uma aposta magnífica”, diz Luís Teixeira.
Sobre as condições e apoios para erguer esta prova, o presidente da FPR pede ao Estado que defina o que quer fazer quando em causa estão os grandes eventos internacionais.
“O Estado português e as políticas públicas desportivas têm de decidir se querem ter eventos desta dimensão ou não. Anuncia-se que todos os eventos internacionais são uma prioridade, mas só soubemos as verbas disponíveis para este evento há um mês e meio. É tudo uma fantasia. O Estado tem de alterar a forma de garantir um financiamento atempado. Vamos ter aqui 1.000 atletas de remo, por isso está provado que vale a pena investir”, frisou o presidente da FPR.
De olhos na água, onde os atletas treinam a entrada nos barcos, Nuno Coutinho, selecionador de juniores e responsável pelos atletas em prova neste Campeonato do Mundo, explica à Lusa quais as diferenças entre esta modalidade e o remo tradicional.
“O que vamos ter aqui são provas em ‘sprint’, com 500 metros, em que a primeira metade é feita em ‘slalom’ e a segunda em linha reta. A grande diferença para o remo tradicional é a entrada no barco, que é feita com corrida, assim como a saída, que tem a meta na areia”, disse o selecionador.
Nuno Coutinho considera “extraordinário” ter esta prova em território nacional e lembra que embora o remo de mar em Portugal seja muito recente, o nosso país, com uma linha de costa tão extensa, oferece condições únicas para a sua prática.
“Podemos levar o remo a localidades que não têm rio e trazer mais pessoas para a modalidade”, frisa o treinador.
Pela primeira vez os juniores vão poder competir num campeonato do mundo e Nuno Coutinho coloca as aspirações portuguesas num patamar elevado.
“Vamos ter um total de nove atletas seniores e oito juniores em prova. Esperamos ficar nos quatro primeiros e, se possível, conquistar medalhas, pois temos atletas com essa capacidade”, concluiu o selecionador nacional.
Os campeonatos do mundo de remo de mar, de ‘sprint’, de 24 a 26 de setembro, e fundo, entre 30 de setembro e 02 de outubro, chamarão a Oeiras mais de 1.000 atletas, segundo números divulgados pela organização.
Ao todo, esta será a maior edição de sempre, pelo número de atletas, com 1.024 inscritos até hoje, e de países, com 34 representados, no cômputo das duas distâncias, entre ‘sprint’, de 500 metros, e fundo, de 4.000 metros nas eliminatórias e 6.000 nas finais.
A Praia da Torre, em Oeiras, distrito de Lisboa, vai receber alguns dos melhores remadores do mundo, entre eles 16 participantes dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, incluindo Pedro Fraga, e seis medalhados nessa competição, numa vertente que não consta do programa olímpico.
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