Apresento-me como um ex-atleta paralímpico que nunca se cansa de sublinhar as muitas vantagens associadas à prática de uma atividade física regular, porque as experienciei na primeira pessoa e porque na verdade impactaram muito positivamente no modo como sou, penso e ajo hoje.
Nessa medida, dou por mim muitas vezes a questionar-me sobre os motivos que podem estar na base de uma tão reduzida percentagem de crianças e de jovens com deficiência que praticam desporto.
Será que, tal como sucedeu comigo em 1988, as crianças, os jovens, as famílias e os educadores de hoje nem sequer sabem, por exemplo, que é possível a um jovem com deficiência visual praticar atletismo, natação, judo, ciclismo, jogar futebol, goalbal, etc, quer seja numa abordagem de lazer ou ao nível do alto rendimento?
Será que desconhecem o importante papel do desporto na inclusão e no empoderamento destas crianças e jovens e os expressivos ganhos ao nível da autoestima, autoconfiança e mesmo da sua qualidade de vida?
Será que desconhecem os benefícios físicos e de saúde, designadamente, os ganhos de força muscular, de coordenação motora, de resistência e de saúde cardiovascular, e os claros impactos na adoção de um estilo de vida mais ativo e saudável?
Será que desconhecem os ganhos ao nível do desenvolvimento psicossocial, designadamente, da autonomia, do trabalho em equipa, do respeito mútuo, da tolerância, da perseverança e da capacidade de lidar com as frustrações e de superação de desafios?
Ou será ainda porque desconhecem as oportunidades de carreira não apenas no tocante ao percurso desportivo mas também e, em complemento, no que respeita ao abrir de portas para uma carreira profissional?
Não, não acredito que estes conhecimentos não estejam já hoje amplamente difundidos na nossa sociedade. Acredito antes que os estereótipos sobre a deficiência que enfatizam muito mais as limitações do que as capacidades estão ainda muito presentes, que o acesso físico aos locais e instalações desportivas constitui ainda um obstáculo por vezes intransponível, e acredito que para muitas crianças e jovens a oportunidade de experimentar uma modalidade desportiva nunca se concretizou ou foi levada a sério.
É pois com este intuito que o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) irá dinamizar, em estreita parceria com as federações de modalidades paralímpicas e/ou surdolímpicas, no próximo dia 7 de outubro, nas instalações do Centro Desportivo Nacional do Jamor das 10:00 às 16:00 horas, o Dia Paralímpico Jovem.
Com este evento de âmbito nacional e destinado preferencialmente a crianças e jovens com deficiências elegíveis nas dimensões paralímpica e surdolímpica, o CPP pretende oferecer uma oportunidade de experimentação de um conjunto de modalidades desportivas, num clima descontraído, lúdico e prazeroso, de descoberta de capacidades e de inspiração!
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