A seleção portuguesa sub-23 e júnior de canoagem de velocidade almeja somar oito finais e uma medalha nos Mundiais, entre sexta e segunda-feira, em Montemor-o-Velho, à imagem do desempenho nos Europeus.
“Como a Europa é o continente mais forte nesta modalidade, a nossa expectativa é que esses resultados se confirmem e mantenham uma boa senda nos escalões de formação, garantindo a sustentabilidade e renovação dos atletas. Precisamos de assegurar isso de forma gradual, porque a melhor geração da canoagem nacional não é eterna”, vincou à agência Lusa Vítor Félix, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC).
Quase dois meses depois dos Europeus, em Poznan, na Polónia, onde Pedro Casinha se sagrou vice-campeão europeu júnior de K1 200 metros, a formação das ‘quinas’ surge com um conjunto alargado de 45 canoístas, entre 26 rapazes e 19 raparigas, até pelo estatuto de anfitrião dos Mundiais, de regresso a Montemor-o-Velho seis anos depois.
“É claro que como país organizador temos sempre dois grandes objetivos. Em primeiro lugar, queremos que esta prova decorra sem grandes problemas e seja um sucesso, à semelhança de outros eventos que já organizámos no passado. Por outro lado, que os resultados desportivos também estejam dentro das nossas expectativas”, reiterou.
A presença de cerca de 1.000 atletas, provenientes de 60 países e dispostos por 24 categorias distintas, traduz “números muito simpáticos” para Vítor Félix, apesar dos encargos financeiros quanto à adoção dos protocolos sanitários exigidos por Direção-Geral da Saúde e Federação Internacional de Canoagem face à pandemia de covid-19.
“Vamos ter um evento ainda sem público e com todas as restrições, desde a realização constante de testes até à criação de uma ‘bolha’ para os atletas, com todos os custos adicionais inerentes a esta situação pandémica. Queremos mostrar mais uma vez que estamos ao nível das melhores organizações, até porque já nos habituámos a organizar consecutivamente eventos internacionais em Montemor-o-Velho desde 2012”, lembrou.
A incerteza global em torno da situação epidémica estimulou o organismo regulador da canoagem mundial a prorrogação para o próximo fim de semana os Mundiais dos escalões sub-23 e júnior, originalmente aprazados para decorrer entre 15 e 18 de julho.
“O adiamento teve a ver com dois motivos. Um deles foi a questão da vacinação: dois meses depois, creio que Portugal e outros países têm uma percentagem de população inoculada muito superior. Além disso, naquele período em que a decisão foi tomada, alguns países e companhias aéreas estavam com restrições de circulação”, enumerou.
Essa recalendarização acalentou esperança quanto à estreia de uma nova torre de chegada no posto náutico do Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, empreitada há muito ansiada pela FPC e que já estava prevista para acontecer há três anos, embora só tenha arrancado em março e deva estar concluída até ao final do ano.
“Isso trouxe-nos transtornos, sobretudo nos compromissos que temos com a Federação Internacional de Canoagem. Vamos ter infraestruturas de apoio, como contentores e tendas, a render uma torre que já tarda. A covid-19 e o parecer da Agência Portuguesa do Ambiente vieram atrasar a obra, além de limitações quanto às suas fundações num terreno com lençóis de água e dificuldades de resposta por parte do empreiteiro”, notou.
Enquanto aguarda por uma construção “fundamental na qualidade de futuros eventos”, Vítor Félix confia que “quatro dias de intensa canoagem” irão compensar o investimento de 500.000 euros em Mundiais caracterizados por “receitas e despesas equilibradas”.
“Como a capacidade hoteleira de Montemor-o-Velho é muito limitada, temos sempre de recorrer a Coimbra, Figueira da Foz e Soure. Há um impacto económico direito muito significativo nesta região. Considerando elementos do ‘staff’, atletas, treinadores, árbitros e dirigentes, são quase 1.750 pessoas”, finalizou o presidente federativo, desde já ciente de que os Mundiais dos escalões sub-23 e júnior voltarão ao centro do país em 2025.
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