Mariana Lobato é a primeira velejadora portuguesa a competir na classe IMOCA da Ocean Race, uma regata “de grande aprendizagem”, que, concluída a volta ao mundo, diz ter “vivido uma experiência incrível” a bordo do Biotherm.
Ontem foi dia de ‘In Port Race’ em Génova, onde se concluiu a 14.ª edição da Ocean Race, mas as sete etapas da mais dura regata oceânica do mundo já terminaram e, após a subida ao segundo lugar do pódio em Itália, a Biotherm Racing Team acabou por ficar em quarto lugar na classificação geral, ganha pela 11th Hour Racing Team.
“O segundo lugar na última regata teve um sabor especial. Acaba por demonstrar o quanto a equipa foi evoluindo ao longo da regata, estivemos até a liderar, em alguns momentos, esta etapa, que foi excelente para nós, mas estamos muito contentes por chegar a Génova e subir ao pódio com um honroso segundo lugar”, começou por contar, em declarações à Lusa.
A Ocean Race, que este ano celebra o 50.º aniversário, arrancou em janeiro de Alicante, em Espanha, rumo a Cabo Verde, mas Lobato só se juntou à equipa do ‘skipper’ francês Paul Meilhat em Itajaí (Brasil), após fazer a primeira ‘leg’ integrada na tripulação 100% portuguesa do VO65 Racing for the Planet, que disputou a Ocean Race Spring Cup.
“Chega ao fim esta grande aventura de competir na Ocean Race e é um misto de emoções. Muito feliz por realizar a regata e por ter conseguido. Sinto-me preenchida, era um objetivo que tinha há muitos anos. Mas, por outro lado, o que é bom nunca queremos que acabe. O que vivemos nestes últimos meses foi mais que uma regata em equipa, o tempo em conjunto torna-nos numa grande família, a família Biotherm, o convívio, as pessoas, os novos amigos que criámos, a aprendizagem constante, tudo isso fica para a vida”, acrescenta a velejadora portuguesa.
A mais difícil prova de cicum-navegação à vela por equipas estabeleceu, este ano, um novo recorde de velejadoras femininas. Mariana Lobato, campeã do Mundo de Match Racing, em 2013, foi uma das 39 mulheres a participar na regata, disputada por cinco IMOCA e seis VO65, representando assim 28% do total dos velejadores em competição.
Para tal, muito contribuiu a Biotherm de Paul Meilhat, que levou a bordo três mulheres, a britânica Alan Roberts, a olímpica francesa Marie Riou e a portuguesa Lobato, numa iniciativa inédita na história dos 50 anos da Ocean Race.
“O balanço é muito positivo, para mim, tanto a nível pessoal como profissional. Nem consigo quantificar em palavras o quanto aprendi. Navegar a bordo do Biotherm pelo mundo foi uma experiência incrível e pensar que fomos um veículo de mensagem de sustentabilidade dá-me uma sensação de grande leveza e de objetivo cumprido, porque valorizo muito este tema. No fundo, mudar o mundo com simples gestos acaba por estar nas nossas mãos”, defendeu, acrescentando também que “a competição e a sustentabilidade acabam por refletir os valores da marca”.
Apesar de confessar ter passado por momentos difíceis, sobretudo o “cansaço extremo”, que compara “com os primeiros três meses de maternidade”, Mariana Lobato, de 35 anos, afirma que participar na Ocean Race foi “sinónimo de grande aprendizagem.”
“Sinto que sou uma pessoa e uma velejadora mais completa. Esta regata permite-nos explorar as nossas emoções ao máximo. Chegamos aos momentos mais altos, aquela energia incrível, difícil de expressar em palavras, mas que só com olhares conseguimos passar e viver em equipa. E depois temos os piores momentos, em que estamos estoirados, ou partimos algum material ou sabemos que tomámos decisões menos boas. Tudo isto faz parte da vida”, finaliza a única velejadora nacional a cumprir a Ocean Race.
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