Quatro medalhas conquistadas nos últimos dois meses devolveram a judoca Patrícia Sampaio à ribalta da modalidade, com uma nova vontade de aproveitar o futuro, deixando para trás um período de muitas lesões.
“Acho que, finalmente, por estar a ter este período sem lesões e a sentir-me bem fisicamente, tem sido muito bom, tenho conseguido aproveitar e mostrar realmente aquilo que valho”, disse à agência Lusa a judoca de Tomar.
O atual momento da judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais junta todos os ingredientes que a deixam feliz, com uma sucessão de subidas ao pódio desde o arranque do circuito deste ano da Federação Internacional.
Patrícia Sampaio, de 23 anos, iniciou o ano com a vitória no Grand Prix de Portugal, e, depois de ser quinta no conceituado Grand Slam de Paris, foi buscar, sucessivamente, três medalhas de bronze aos Grand Slam de Telavive, Tashkent e Antália.
“Está a ser um período em que estou a ter a oportunidade de mostrar o meu trabalho. Sempre trabalhei muito, mas nunca tive muito a oportunidade de me mostrar, porque acabo sempre por estar lesionada”, lembrou.
Os últimos anos não foram fáceis para a judoca, primeiro com fratura numa perna em 2020, no Grand Slam de Budapeste, depois uma rotura muscular, nos Europeus de Lisboa em 2021, e, no ano seguinte, o deslocamento de um ombro nos Europeus de Sófia.
Situações que “atrapalharam” o processo de afirmação da judoca de -78 kg, que desde cedo foi referenciada como uma das mais importantes promessas da modalidade, quando chegou a liderar o ‘ranking’ mundial de juniores.
Os bons resultados deste ano, aliados à boa condição física, têm permitido a Patrícia Sampaio ganhar novas ‘asas’, mas a judoca trava o otimismo e considera que ainda não sente ser uma afirmação, por precisar de mais e em outras competições.
“Foram três meses muito bons, mas foram só três meses. Não sei se diria afirmação, há muita coisa a passar-se, ainda faltam as provas mais importantes, ainda não fiz o Europeu, não fiz o Mundial, não fiz o Masters, tenho feito provas fortes, provas do circuito que às vezes têm pessoas fortes, mas nem sempre as muito fortes juntas”, lembrou.
Um cenário que não a impede de traçar objetivos, com ambição, nomeadamente nos campeonatos da Europa e do Mundo, este ano com o calendário invertido, os primeiros de 03 a 05 de novembro, em Montpellier, e os segundos de 07 a 13 de maio, em Doha.
“Os meus objetivos para este ano passam por ter uma medalha no campeonato da Europa, que temos no segundo semestre. Chegar ao top 10 mundial - neste momento estou em 11.º - e lutar por uma medalha no Mundial. São objetivos que tenho a noção que consigo”, disse.
Na classificação mundial, a medalha de bronze alcançada no domingo em Antália permitiu à judoca subir até ao 11.º lugar, mas no apuramento olímpico, quando as provas ainda contam apenas a 50%, a judoca já é sexta - quinta, excluindo o país anfitrião.
Patrícia Sampaio é a judoca portuguesa atualmente mais bem classificada na corrida aos Jogos Olímpicos de Paris2024, competição em que procura estar pela segunda vez, depois de ter competido em Tóquio.
Na capital japonesa, foi derrotada no seu segundo combate, então pela campeã mundial em título, a alemã Anna Maria Wagner, a quem conseguiu este ano vencer por três vezes consecutivas, em Telavive, Tashkent e Antália.
“Enfrentei-a em três competições seguidas e ganhei em todas de uma maneira diferente. Estou a ter bons indicadores nestas competições, mas, lá está, nos Europeus vão estar as mais fortes da minha categoria, tirando a japonesa e a brasileira, as mais fortes são europeias. Então, essas são as que vou defrontar, por isso não posso dizer já que é a minha afirmação, tenho pessoas muito fortes ainda para defrontar e que podem aparecer no meu sorteio em outras competições”, concluiu a judoca, que cumpre até quinta-feira na Turquia um estágio, ainda a um mês da próxima prova, os Mundiais em Doha.
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