A Associação de Judo de São Tomé e Príncipe, fundada por um português, na ilha do Príncipe, quer conquistar este ano as primeiras medalhas internacionais, no projeto que desde 2016 promove valores de cidadania para o desenvolvimento da juventude.
André Rosa é o mentor do projeto que surgiu face às necessidades de ocupação dos tempos livres das crianças e jovens da ilha do Príncipe, mas depois se expandiu para a ilha de São Tomé, totalizando atualmente quatro escolas no arquipélago, que, no ano passado, acolheram mais de 600 pessoas na prática da modalidade.
“Nós no judo trabalhamos competências de desenvolvimento pessoal, como a amizade, a coragem, o autocontrolo, o respeito pelos outros, e isso são competências fundamentais, não só dentro do judo, mas também fora do judo, […]. Também são ferramentas fundamentais para serem boas pessoas”, sublinhou o presidente da Associação Judo Global de São Tomé e Príncipe.
A associação já organizou mais de 15 competições na ilha do Príncipe e três campeonatos nacionais, tendo envolvido mais de 600 pessoas na pratica do judo em São Tomé e Príncipe no ano passado.
“Quando nós competimos temos que colocar em prova a nossa capacidade de lidar com a derrota, lidar com a vitória, saber criar objetivos, saber lidar com o público e tudo isso é muito importante para nós aprendermos no desporto para depois usar no nosso dia-a-dia”, acrescentou.
Em 2022 a associação foi reconhecida pelo Comité Olímpico Nacional de São Tomé e Príncipe enquanto Federação Nacional de Judo, passando a representar o país internacionalmente ao nível desta modalidade.
“Nós somos muito gratos por esse voto de confiança que o Comité Olímpico nos deu [….] e com isso pudemos ter as primeiras participações internacionais do judo e São Tomé e Príncipe já esteve representado em várias competições”.
Em abril, seis atletas são-tomenses vão participar numa competição internacional de judo em Luanda, Angola, e André Rosa disse espera “alcançar bons resultados, orgulhar São Tomé e Príncipe, representar o país com honra e dignidade nessas competições.
“Acreditamos que este ano vamos ter a primeira medalha internacional. É um desafio bastante grande, é muito difícil, o judo é um desporto bastante competitivo, mas, pelo potencial que eu vejo nos jovens que estão a praticar connosco, temos mais instrutores cada vez com mais experiência, acredito que em 2024 vamos ter a primeira medalha internacional”, admitiu André Rosa.
Nelson Pina tem 18 anos, é natural da ilha do Príncipe e reparte o seu tempo entre a escola e ensino do judo para crianças dos 4 aos 12 anos na ilha.
“Normalmente, aqui no Príncipe, não temos muitas atividades para as crianças estarem ativas. Como o André trouxe essa atividade para aqui, acho que é uma boa oportunidade para as crianças crescerem futuramente e serem alguém na vida. Isso também ajuda fisicamente e psicologicamente”, sublinhou Nelson Pina.
“Alguns chegaram com comportamento bruscos, mas com o decorrer do tempo foram melhorando”, acrescentou, apontando o seu próprio exemplo de mudança.
O bicampeão nacional de judo são-tomense será um dos atletas a representar o país na próxima competição internacional a decorrer em Luanda e espera arrecadar medalhas para o país.
O fundador da Associação Judo Global de São Tomé e Príncipe, André Rosa, salientou que “o desporto é um excelente caminho de virtudes, em que os jovens podem se manter saudáveis, podem ter oportunidades de desenvolvimento, abrir a sua mente, conhecer o mundo”, acrescentando que a associação faz “o melhor para que isso seja uma possibilidade”.
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