O recém-fundado HC Porto converteu-se em setembro no primeiro clube português a participar na Liga espanhola de hóquei no gelo, numa medida estratégica promovida para subir a qualidade da base de jogadores da seleção nacional.

“Decidimos juntar uma equipa para que os rapazes que fazem parte da seleção ganhem experiência e possam mais regularmente fazer os seus jogos em pistas com tamanhos oficiais”, contou à agência Lusa a luso-canadiana Cristina Lopes, diretora de operações.

Fundado em julho, o clube beneficiou de um acordo estabelecido entre a Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP), a Real Federação Espanhola de Desportos de Gelo (RFEDH) e a Federação Internacional de Hóquei no Gelo (IIHF) para fazer parte da fase regular da edição 2023/24 da prova, que integra mais sete equipas do país vizinho.

Os quatro melhores colocados apuram-se para os play-offs, patamar ao qual o HC Porto não poderá aceder por razões regulamentares, ficando também de fora da Taça do Rei.

“A preocupação da RFEDH era que o nosso clube tivesse qualidade para poder competir com os emblemas espanhóis. O ideal seria que o plantel todo vivesse em Portugal, mas, face ao que nos estão a pedir, não será possível. Os oito atletas que jogam no clube já trabalham há uns anos com o treinador [o canadiano Jim Aldred, selecionador nacional], fazem estágios e treinos com a FDIP em Espanha e têm um nível mais alto”, enquadrou.

Se o contingente português do HC Porto treina duas vezes por semana no rinque do HC Sintra, com as regras de hóquei no gelo, mas usando patins em linha numa superfície de pavilhão, os atletas residentes no Canadá, Estados Unidos, Letónia e República Checa beneficiam da conjuntura estrutural e logística desses países para evoluírem à distância.

“Neste momento, temos 16 jogadores, incluindo dois guarda-redes. Estamos a negociar com mais alguns, até porque preferíamos ter entre 20 e 22. Há muito para evoluir, tendo em conta que esta equipa só começou a ser trabalhada em julho”, notou Cristina Lopes.

Os atletas nacionais viajam de carrinha e os estrangeiros de avião, reunindo-se todos em Espanha nas vésperas dos jogos do HC Porto, que já foi goleado em Majadahonda (1-8), nos arredores de Madrid, onde, mais tarde, cedeu como visitado ante o Txuri Urdin (3-5).

“A maioria dos estrangeiros vive fora do país. Eles querem jogar, mas também procuram algum tipo de compensação financeira. O clube tem tido apoio financeiro da FDIP, que é celebrado com um contrato-programa, e está a contactar alguns patrocinadores”, referiu.

No horizonte da equipa comandada por Jim Aldred, ex-jogador profissional, estará uma eventual passagem para uma futura pista de gelo de dimensões olímpicas em Portugal.

“Tentámos também conseguir algum apoio junto da Câmara Municipal do Porto, que nos respondeu que este seria analisado para a próxima época. Espanha está alguns anos à frente nesta modalidade e tem 12 pistas de gelo operacionais durante todos os meses. É isso que nos falta para chegarmos ao nível dos outros países”, terminou Cristina Lopes.

O hóquei no gelo passou a ser tutelado pela FDIP há cinco anos, após as medalhas de bronze (2017) e de prata (2018) arrebatadas na Taça de Desenvolvimento da IIHF pela seleção nacional, que foi quinta classificada na edição de 2023 e sexta no ano passado.