José Manuel Constantino considerou que a homenagem realizada hoje pelo Comité Olímpico de Portugal (COP) às mães dos atletas medalhados em Jogos Olímpicos é “uma obrigação elementar” para destacar a importância de quem tanto deu ao país.
“O COP, ao longo de muitos anos, realizou cerimónias evocativas de exemplos que devem ser destacados e reproduzidos, mas não me ocorre uma cerimónia com um significado tão importante e determinante como aquela que estamos a realizar no dia de hoje. Trata-se de destacar a importância da família no percurso dos atletas e, dentro da família, das mães”, enalteceu o presidente do COP.
José Manuel Constantino discursava na sede do COP, em Lisboa, durante uma cerimónia evocativa do Dia Internacional da Mulher, em que foram homenageadas as mães dos atletas portugueses medalhados em Jogos Olímpicos.
“Nós conhecemos os atletas, conhecemos os treinadores, os dirigentes dos atletas. Eu só hoje conheci algumas das mães dos nossos atletas e elas estão lá sempre, nas horas boas e nas horas más. Nas alegrias e nas tristezas. São colo, são abraço, almofada, cobertor. São as primeiras adeptas destes e de outros atletas e são aquelas que mais sofrem. Os atletas também sofrem, elas sofrem à sua maneira, chorando muitas vezes quando as coisas não correm bem e chorando de felicidade quando correm bem”, notou.
O presidente do COP defendeu que “a homenagem às mulheres que são mães é um cumprimento e uma obrigação elementar para destacar a importância que estas pessoas tiveram no percurso desportivo dos seus filhos e das suas filhas”.
“Não é demais valorizarmos e sublinharmos essa importância. É esse testemunho que o COP vos queria transmitir, hoje, no dia Internacional da Mulher, agradecendo-vos em nome do desporto nacional, em nome do movimento olímpico, mas, sobretudo, em nome de Portugal”, disse, visivelmente emocionado.
O gesto do organismo olímpico mereceu o elogio do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, que felicitou José Manuel Constantino “por ter promovido esta cerimónia, justa, com muito sentimento, e muito merecida para as mães” dos medalhados olímpicos lusos.
“O Dia da Mulher é sempre um momento oportuno para fazer balanço do que tem sido o trajeto do país no combate às desigualdades e, concretamente, no desporto. Combater as desigualdades é uma missão. […] O combate às desigualdades convoca-nos todos os dias, de todas as formas”, referiu.
João Paulo Correia destacou a importância de ter mulheres nos lugares de decisão no desporto, estimando que é preciso promover a igualdade de género como forma de desenvolvimento do setor.
“Esta é uma das causas que nos deve unir, é uma das causas que motiva o Governo”, acrescentou.
Os discursos de José Manuel Constantino e de João Paulo Correia ‘encerraram’ uma cerimónia que decorreu num auditório lotado e na qual houve bisnetos e netos – pelo menos, aqueles cujos laços familiares o COP conseguiu rastrear - a receberem a flor e o diploma outorgado às mães de medalhados olímpicos que já faleceram.
Carlos Lopes, campeão olímpico da maratona em Los Angeles1984, recebeu o primeiro grande aplauso da tarde, ainda antes de interromper a solenidade do momento para agradecer à mãe.
Também o antigo judoca Nuno Delgado (bronze em Sydney2000) recolheu a homenagem à mãe, ao contrário de Rosa Mota, campeã olímpica da maratona em Seul1988, e Nélson Évora, ouro no triplo salto em Pequim2008, ausentes da cerimónia.
Fernanda Ribeiro, campeã olímpica dos 10.000 metros em Atlanta1996, acompanhou a mãe ao ‘palco’, tal como Francis Obikwelu, prata nos 100 metros em Atenas2004, enquanto outras progenitoras receberam sozinhas a peça de cristal oferecida pelo COP.
Na plateia, onde também estavam o antigo velejador Nuno Barreto (bronze em Atlanta1996), o ex-ciclista Sérgio Paulinho (prata em Atenas2004), o canoísta Emanuel Silva (prata em Londres2012), ou o judoca Jorge Fonseca, notavam-se algumas ausências, como as das mães de Vanessa Fernandes (prata no triatlo em Pequim2008) ou Patrícia Mamona, atual vice-campeã olímpica do triplo salto, que receberão a lembrança a posteriori.
Foi precisamente Jorge Fonseca, bronze em Tóquio2020, a falar da emoção que foi ver a sua mãe distinguida, enaltecendo a homenagem promovida pelo COP, que foi totalmente inesperada para Rosa, mãe do canoísta Fernando Pimenta.
“Nunca pensei, nem nunca imaginei. Ele até é que me motivou a vir… É o reconhecimento das mães, do nosso sofrimento. É um orgulho”, resumiu a progenitora do medalhado de bronze em K1 1.000 metros em Tóquio e vice-campeão olímpico em K2 1.000 metros em Londres2012.
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