O Comité Olímpico Internacional (COI) pediu hoje “sensibilidade” para com os atletas ucranianos, depois de uma representante do país ter sido desqualificada nos mundiais de esgrima após se ter recusado a cumprimentar uma russa a quem venceu.
Este caso verificou-se hoje em Milão, Itália, quando Olga Kharlan, tetracampeã do mundo de sabre, se escusou a cumprimentar Anna Smirnova, a quem tinha ganho por 15-7.
Este gesto após o primeiro confronto entre atletas ucranianos e russos em qualquer modalidade desde a invasão da Ucrânia, à exceção do ténis, valeu a desqualificação da ucraniana num desporto que, até março deste ano, foi presidido internacionalmente pelo oligarca russo Alisher Usmanov.
As regras da esgrima preveem que os atiradores se cumprimentem no final do combate: a russa, que compete enquanto “atleta individual neutra”, ficou vários minutos na pista, como forma de protesto perante a conduta da adversária.
A federação ucraniana logo reagiu à desqualificação, apresentando à federação internacional o seu “protesto” e pedindo a revogação da decisão.
"Enviámos o nosso protesto para a Federação Internacional de Esgrima. Esperamos a consideração imediata deste protesto, para que esta desqualificação seja cancelada", disse o presidente da federação ucraniana, Mykhailo Illiachev.
Este combate só foi possível porque o decreto do Ministério do Desporto que proibia a participação de desportistas de delegações oficiais ucranianas em competições que envolvessem russos e bielorrussos foi alterado na quarta-feira e passou a abranger apenas “atletas que representem” aqueles dois países.
Esse facto mereceu também uma observação por parte do COI, que saudou esta mudança de posição do governo ucraniano, que assim aceita embates frente a desportistas que participem sob uma bandeira neutra.
Esta decisão de Kiev "permitirá que (os ucranianos) se qualifiquem para as Olimpíadas de Paris em 2024", saudou o COI.
A invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro de 2022 – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de desnazificar e desmilitarizar a Ucrânia, para segurança da Rússia –, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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