O canoísta português José Ramalho falou hoje em "superação e resiliência" na sua recuperação até ao sexto lugar no Mundial de maratona, após o rombo no caiaque que lhe negou a possibilidade de lutar por inédito título.

"Sabia a velocidade que precisava para conseguir recuperar, estou treinado para isso. Sabia que, chegando ao grupo da frente, seria difícil lutar com eles, pois a potencia tinha ido toda ao ar. Mas a verdade é que tentei, fiz o que pude. Realmente foi fantástico ouvir todo este público a torcer por mim, mas não deu mais", disse José Ramalho, interrompendo a resposta em choro.

O seis vezes campeão da Europa e vice-campeão do mundo em 2012, além de medalha de bronze em 2009, 2014 e 2016, era dos principais favoritos ao inédito ouro, mas um rombo no casco na primeira volta arruinou-lhe a prova, obrigando-o a duas paragens e a perder cerca de dois minutos, uns 500 metros.

De 27.º, e com os rivais a desaparecer no horizonte, terminou em sexto, sendo que ainda se juntou ao grupo da frente a volta e meia do fim, mas já não teve energia para os ataques rivais.

"Eles sabem que eu luto ate ao fim, é uma questão de honra. Aconteça o que acontecer. Estarei lá sempre para dar o meu melhor", completou, ainda com a voz embargada, à saída do Rio Cávado, na Vila de Prado.

Ramalho disse desconhecer o que lhe provocou a fenda na embarcação, mas sabe que fez duas voltas com o caiaque com água, cada vez mais pesado e com crescente atrito: parou duas vezes, com o segundo concerto a remediar, definitivamente, o problema.

"A fita-cola não estava bem posta, servia de travão. Indicaram-me que podíamos fazer qualquer coisa na segunda portagem. Parei e o pessoal da Nelo arranjou o melhor que pôde. O barco já deslizava normalmente. Nada a fazer. Foi baixar cabeça e dar o máximo", descreveu.

Para Ramalho era objetivo pessoal terminar a competição, bem como juntar-se aos líderes da regata: "Não me importei com a classificação, só queria apanhar o grupo da frente. Era quase uma questão de honra".

"Não sei se teria ganhado de caras, mas a verdade é que estava muito bem, de resistência e força. Foi a melhor semana dos últimos anos. Posso lutar com o estar doente, o virar ou largar mal, mas com o barco com algum problema não há muito a fazer", resignou-se.

No domingo, às 14:30, José Ramalho junta-se ao sub-23 Ricardo Carvalho na prova de K2, enquanto Alfredo Faria vai competir com Miguel Rodrigues, também do escalão inferior.