Os campeões do mundo de hóquei em patins de 1960, na primeira vez que Portugal venceu um mundial da modalidade em Espanha, revelaram-se "esquecidos" por não terem sido também lembrados pela efeméride durante o recente Barcelona2019.
"Nem sequer falaram de nós e nós fomos a equipa considerada a melhor de todos os tempos. Nem sequer falaram nisso. Falaram nos primeiros, Jesus Correia e Correia dos Santos, que foram de facto fantásticos também, mas nós também marcámos uma época e ganhámos a primeira vez em Espanha (1960, em Madrid) e nem falaram neste campeonato do mundo sobre isso", sublinhou à agência Lusa Amadeu Bouçós.
Amadeu Bouçós, 84 anos, e Francisco Velasco, 85, juntamente com Fernando Adrião, já falecido, marcaram os três golos na "inédita" vitória por 3-1 frente à Espanha, na final da 14.ª edição do Campeonato do Mundo, disputado em 1960, que se realizou em Madrid.
No recente Campeonato do Mundo de hóquei em patins, em Barcelona, a Federação Portuguesa de Patinagem homenageou António Livramento, ex-avançado português que também jogou na seleção nacional com Moreira, Bouçós, Velasco e Fernando Adrião - o 'Pelé do hóquei', como foi considerado na Argentina.
"Ele (Livramento) estreou-se comigo a jogar no Chile. E digo-lhe mais, no dia em que ele se estreou e ganhámos o campeonato do mundo, para mim, foi das melhores exibições do Livramento, porque depois ele tornou-se individualista, mas foi um grande jogador", afirmou Bouçós.
O antigo hoquista luso-moçambicano adiantou: "Acho piada esquecerem o Adrião, que foi considerado o melhor jogador do mundo. O Livramento merece ser louvado, mas nós tivemos um papel muito importante (na modalidade nacional)."
"Poderiam ter falado naquela equipa que foi seis anos campeã do mundo, seis anos campeã da Europa, ganhámos tudo e nunca empatámos um jogo, ganhámos todos os jogos e não falaram sequer nisso. Ou perderam os aquivos?", vincou Amadeu Bouçós.
Hoje, aos 85 anos, Francisco Velasco lembra também que esteve "cinco anos na seleção nacional" e não perdeu um torneio: "Nós ganhámos tudo quanto havia para ganhar e, agora, se as pessoas querem esquecer isso, estão a esquecer um dos períodos mais gloriosos do hóquei em patins (nacional português)."
"Costumo dizer que quando alguém tira alguma coisa, tira o lugar onde vive. Tiraram-nos a terra, tiraram-nos a cidade, tiraram-nos o recinto e a estação, tiraram-nos os amigos, ficámos sem nada", rematou Amadeu Bouçós, referindo-se a Moçambique: "Essa minha terra."
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