A seleção romena de futsal, que defronta Portugal na terça-feira, no seu último jogo de qualificação para o Euro2018, na Eslovénia, vai contar com o contributo do português Paulo Ferreira, que se naturalizou romeno em 2016.

“Vim para a Roménia muito novo, com 22 anos, para jogar no City’us TG-Mures. Esta é a minha quinta época na Roménia, apesar de ter tido passagens por outros clubes em Portugal, Espanha, França e República Checa. Desenvolvi muito do meu trabalho neste país e fui reconhecido por isso.

Fui evoluindo, ganhando títulos e em 2010 recebi o convite da Federação Romena para me naturalizar”, explicou Paulo Ferreira, para quem o processo de naturalização foi “complicado e lento”, como atesta o facto de só ter sido deferido seis anos depois, em 2016.

Natural do Porto, o atual jogador do Autobergamo Deva, de 32 anos, confessa-se totalmente identificado com o país que o acolheu: “Sinto muito esta camisola, que é de um país que me acolheu muito bem. É um orgulho para mim poder representar a Roménia e o futsal romeno que me deu muita coisa na minha carreira”.

Como foi possível constatar nas duas rondas da fase de qualificação anteriores, em Calarasi, o público romeno é “efusivo e caloroso”, algo que “não passa ao lado dos jogadores”, segundo Paulo Ferreira, o qual, ao fim de dezasseis jogos com a camisola da Roménia se prepara para um momento especial que é jogar contra Portugal.

“Vai ser o primeiro jogo contra a seleção do país onde nasci. Não tenho dúvidas que vai ser um sentimento muito especial. Nasci no Porto, sou do Porto e sempre que posso vou a casa de férias. Representar a Roménia num jogo contra Portugal vai ser claramente especial para mim. Sinto muito o nosso país, como qualquer emigrante. Tive esta oportunidade e agarrei-a. Na terça-feira espero fazer um bom jogo e ajudar a Roménia a conseguir o apuramento, desejando também que Portugal se apure”, disse Paulo Ferreira, confessando que, na altura de ouvir dois hinos de que muito gosta, sentirá “algo muito especial”.

Sobre a seleção portuguesa, afirma conhecer bem os seus jogadores, os quais já defrontou antes: “Conheço os jogadores todos da seleção de Portugal. Se não me engano, já joguei contra todos. Poder jogar contra o melhor do mundo é espetacular. Já joguei contra ele várias vezes e vou ter a oportunidade de voltar a fazê-lo. Portugal tem um grupo espetacular, repleto de bons jogadores e penso que vai ser muito complicado para nós”.

A língua é algo que não representa dificuldades para Paulo Ferreira, que começou a aprender romeno a partir do seu terceiro ano no país e hoje já domina perfeitamente o idioma.

“Aqui acreditam bastante no meu trabalho, principalmente na parte defensiva, de organização e de trabalho, pelo que sou respeitado. Nesta Seleção existem três a quatro jogadores com um caráter bastante forte e às vezes cabe-me ajudá-los a manter a calma e a organização da equipa, pois qualidade eles têm”, afirmou.

A finalizar, não escondeu que o seu futuro passará por Portugal, mas talvez apenas depois de terminar a carreira.

“Tenho ofertas para jogar em Portugal e também para continuar na Roménia, onde penso que irei continuar. Sinto-me bem aqui, tenho boas condições de vida, mas um dia vou regressar a Portugal, que é o sítio onde nasci e onde tenho a minha família”, disse.