Brandon McNulty (UAE Emirates) é o inesperado primeiro líder da 79.ª Volta a Espanha em bicicleta, depois de vencer hoje o contrarrelógio com final em Oeiras, no qual o seu companheiro João Almeida foi 10.º.
Os favoritos eram muitos, mas, entre eles, não constava o nome do campeão norte-americano da especialidade, que impediu, por dois segundos, que o checo Mathias Vacek (Lidl-Trek) voltasse a ser feliz em Portugal, cumprindo os 12 quilómetros entre Lisboa e Oeiras em 12.35 minutos, a uma velocidade média de 57,197 km/h.
“Não sei se esperava ganhar, aconteceu algo de doidos. Esperava estar bem hoje, mas é difícil de acreditar”, disse ainda antes de trocar a característica camisola norte-americana pela vermelha de líder da Vuelta.
O inevitável Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) ocupou o seu novo lugar favorito – foi terceiro a três segundos –, num ‘crono’ que já provocou diferenças consideráveis entre os candidatos à geral, com João Almeida, 10.º a 19 segundos, a perder tempo apenas para Primoz Roglic (BORA-hansgrohe), ficando a dois segundos do esloveno.
Numa jornada positiva para as cores nacionais, neste arranque português da Vuelta, Nelson Oliveira (Movistar) foi 11.º classificado, a 20 segundos.
Uma multidão testemunhou hoje o arranque dos 12 quilómetros do contrarrelógio, diante do Mosteiro dos Jerónimos, com os ‘aficionados’ do ciclismo e da Vuelta a compareceram em peso para apoiar os ciclistas, sobretudo Almeida, o ídolo da maioria.
À medida que a saída do primeiro ciclista, o carismático Luis Ángel Maté (Euskaltel-Euskadi) – na sua última grande Volta, mereceu a honra de inaugurar a 79.ª edição da corrida espanhola -, se ia aproximando, o vento começou a soprar com mais força, obrigando mesmo à retirada de publicidade ao longo do percurso.
Se em Belém era muito, junto à Praia da Torre, em Oeiras, as rajadas eram ainda mais intensas, com as baias a abanarem e o pouco público que aguardava pelos ciclistas a lutar para que os seus bonés não voassem.
Indiferente ao vento, Edoardo Afinni estabeleceu o primeiro tempo de referência, com 12.43 minutos, e manteve-se no ‘hot seat’ mesmo depois de outros especialistas cortarem a meta, nomeadamente o francês Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale), o belga Victor Campenaerts (Lotto Dstny) ou o colombiano Daniel Martínez (BORA-hansgrohe).
Mas o italiano da Visma-Lease a Bike sabia que os grandes favoritos ainda estavam por chegar e, depois de respirar fundo um par de vezes, viu Joshua Tarling (INEOS), o candidato número um à vitória nesta jornada, ‘falhar’ o assalto ao primeiro lugar por centésimas.
Campeão europeu e quarto no contrarrelógio dos Jogos Olímpicos Paris2024, o jovem de 20 anos acabou por ser apenas sexto, a oito segundos. Afinni salvou-se de Tarling, mas acabou mesmo batido por Mathias Vacek, o checo que se sagrou vice-campeão europeu de fundo em sub-23 em Anadia, em 2022.
Quando cortou a meta, o ciclista da Lidl-Trek atirou-se para o chão num misto de cansaço e incredulidade, conseguindo mesmo aguentar-se na liderança da tabela depois de nomes como Stefan Küng (Groupama-FDJ) ou Roglic terminarem o seu exercício.
Restavam apenas dois homens na estrada, mas apenas um ia dando indicações de que podia fazer melhor do que Vacek. No entanto, acabaria por ser McNulty e não Van Aert, o último a cortar a meta, a ganhar o contrarrelógio e a somar a segunda vitória em grandes Voltas, após conquistar uma etapa no Giro2023.
“É bom estar na liderança, vou desfrutar disso, mas não é segredo que temos dois líderes, o Adam [Yates] e o João, e vou ajudá-los o máximo que puder”, lembrou o norte-americano.
Dos candidatos à geral, Aleksandr Vlasov (BORA-hansgrohe), Thymen Arensman (INEOS), Tao Geoghegan Hart (Lidl-Trek) e Yates acabaram no top 30, a cerca de 30 segundos do vencedor, enquanto o campeão em título, o norte-americano Sepp Kuss (Visma-Lease a Bike), foi apenas 62.º, a 53 segundos, gastando menos quatro do que Rui Costa (EF Education-EasyPost), que acabou na 75.ª posição.
No domingo, corre-se a segunda de três etapas lusas da Vuelta, com o pelotão a percorrer 194 quilómetros entre Cascais e Ourém, com duas subidas de quarta categoria no percurso, o Alto da Lagoa Azul e o Alto da Batalha.
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