Orluis Aular encontrou-se hoje com a história na Volta ao Alentejo em bicicleta, consumando a defesa do título sem vitórias em etapas, mas com a autoridade de quem jogou eximiamente com as bonificações.
Incontestavelmente o ciclista mais forte da 40.ª ‘Alentejana’, apesar de também hoje ter tido de contentar-se com o segundo lugar, novamente atrás do compatriota Leangel Linarez (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), o venezuelano da Caja Rural subiu, pelo segundo ano consecutivo, ao pódio na Praça do Giraldo, em Évora, para receber a amarela final.
Aos 26 anos, Aular tornou-se o primeiro corredor na história da prova a defender com sucesso o título – Carlos Barbero é o outro bicampeão no historial (2014 e 2017) -, depois de deixar a 17 segundos o colombiano Adrián Bustamante (Kelly-Simoldes-UDO) e o neerlandês Alex Molenaar (Electro Hiper Europa), respetivamente segundo e terceiro na geral.
Terceiro classificado na terceira tirada, o venezuelano voltou hoje a ser segundo, como aconteceu nas segunda e quarta etapas, impondo-se aos rivais na luta pelas bonificações, que procurou incessantemente também nas metas volantes ao longo dos cinco dias da prova, que hoje assistiu a um ‘bis’ de Linarez.
“Estou muito feliz e super agradecido aos meus companheiros, que fizeram um grande trabalho, influenciou muito. Deixaram-me bem posicionado e pude fazer um sprint limpo”, descreveu o sprinter da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, que cortou a meta com o tempo de 3:33.55 horas, à frente de Aular e do alemão Pirmin Eisenbarth, terceiro.
Ainda antes de as primeiras pedaladas começarem a ser dadas em Beja, na quarta-feira, era expectável que fossem as bonificações a decidir a geral da 40.ª Volta ao Alentejo e a premissa não só se cumpriu, como se prolongou até à quinta e última etapa.
Estavam decorridos 14 dos 154,9 quilómetros entre Monforte e Évora quando Francisco Moreira (ABTF-Feirense) e Tiago Ferreira (JV Perfis Windmob) tentaram a sua sorte, com pouco sucesso, já que a Electro Hiper Europa, de Alex Molenaar, anulou a fuga para que o neerlandês bonificasse na meta volante de Vila Viçosa.
Um erro do pelotão, que passou ao lado do pórtico do sprint intermédio, levou o colégio de comissários a cancelar essa meta volante, com a primeira ‘distribuição’ de segundos de bonificação a acontecer no Redondo – Aular foi segundo, atrás de Molenaar e à frente de Bustamante.
Com o triunfo final em aberto, as equipas dos três primeiros não autorizaram que Ángel Fuentes (Burgos-BH), João Silva (Kelly-Simoldes-UDO) e Diogo Barbosa (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense) ganhassem muita diferença, com a margem dos fugitivos, que saltaram para a frente de corrida ao quilómetro 81, a não ultrapassar os dois minutos.
A fuga acabou a 20 quilómetros da meta, numa altura em que Pedro Silva (Glassdrive-Q8-Anicolor) já tinha assegurado a vitória na classificação da montanha.
Mas ainda havia quem quisesse contrariar a previsível chegada ao sprint: Aleksandr Grigorev (Efapel) e Clément Alleno (Burgos-BH) destacaram-se e, a cinco quilómetros para a chegada, ainda tinham 15 segundos de vantagem para o pelotão, uma margem insuficiente para lutarem pela etapa – foram alcançados à entrada dos últimos 2.000 metros.
Uma queda a um quilómetro da meta não teve influência direta na discussão da derradeira tirada, com Linarez a concluir na perfeição o trabalho da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, que sai desta ‘Alentejana’ exultante com as duas vitórias do sprinter venezuelano, vencedor também da segunda etapa.
A geral manteve-se inalterada, com Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), vencedor da ‘Alentejana’ em 2021 e campeão em título da Volta a Portugal, a terminar na quarta posição, a 30 segundos. Destaque ainda para Alexandre Montez, o jovem de 21 anos da Credibom-LA Alumínios-Marcos Car, que foi o único português no ‘top 10’ da geral, acabando em 10.º.
Esta Volta ao Alentejo confirmou ainda a crise de resultados de ciclistas portugueses, que ainda não levantaram os braços nas provas disputadas esta época no calendário nacional.
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