Vicente Moura garantiu hoje à Lusa que o Sporting não foi enganado pela W52, mas assumiu que, caso os ‘leões’ não tivessem sido prudentes, a aposta na equipa de ciclismo poderia revelar-se ruinosa.
“O Sporting não foi enganado, mas, se não tivéssemos sido prudentes, poderíamos ter sido enganados ou eventualmente estar envolvidos num problema que mais tarde se poderia revelar ruinoso”, começou por dizer à agência Lusa o vice-presidente para as modalidades do clube ‘leonino’ sobre o pré-acordo hoje quebrado com a W52, que vai correr com as cores do FC Porto na próxima temporada.
Vicente Moura relatou o processo que culminou hoje, recuando mais de um ano, altura em que começou a procurar um parceiro credível para o Sporting voltar à estrada.
“O Sporting não queria pôr nesta modalidade um cêntimo, por isso era preciso arranjar uma equipa boa, uma equipa de grande nível, que eventualmente fosse para vencer uma Volta a Portugal, mas sem gastar dinheiro. Ora isto não é fácil. Nos últimos meses, as coisas correram da maneira desejada. Acabei por conhecer o senhor Jorge Mendes, que se propôs a coordenar o ciclismo e a ajudar a encontrar ‘sponsors’ para financiar uma equipa que fosse forte. Entretanto, fomos negociando o protocolo e estávamos neste trabalho quando na quarta-feira passada, à noite, Jorge Mendes apareceu-nos a dizer que tinha uma equipa”, recordou.
Aquele que foi apontado como coordenador da equipa de ciclismo, anunciada na quinta-feira no jornal Sporting, apareceu na sala da direção com cinco pessoas, das quais Vicente Moura não conhecia ninguém, com exceção de Nuno Ribeiro, o diretor desportivo, que representou Portugal em Atenas2004 e Pequim2008, quando este era presidente do Comité Olímpico de Portugal.
“Dizia ele que a equipa dele era a W52, que venceu as últimas três edições da Volta a Portugal. Rapidamente estabeleceu-se um diálogo. Eu, que sou uma pessoa crédula, uma pessoa séria, pensei é ótimo. O Sporting dá o nome, a camisola, o coordenador faz o resto, e temos uma equipa altamente competitiva. Sentámo-nos à mesa e as coisas pareceram tão bem que o Nuno Ribeiro deu uma entrevista à SportingTV”, contou.
Passadas algumas horas, o vice-presidente ‘leonino’ começou a receber telefonemas de sportinguistas e não só, “a dizer que havia problemas, que esta equipa tinha tido problemas, que havia outras coisas”, todos eles aconselhando o Sporting a ter cuidado.
“Eu fiz aquilo que qualquer pessoa responsável faria: avisei o presidente e ele, prudentemente, disse-me: então vamos suspender isto. Deu ordem, não só para suspender, mas para passar o assunto para os nossos assessores jurídicos. Sei que os esclarecimentos que pediram não chegaram. Nós não fizemos nada, ficámos calados. Depois desta notícia, eu não dei entrevistas, ficámos à espera dos acontecimentos. Meteu-se o fim de semana, as pessoas andavam à procura de informações para depois decidirmos o que fazer, mas não chegámos lá porque hoje fomos surpreendidos com o comunicado”, disse, referindo-se à nota da W52, que dava conta que o acordo com os ‘leões’ não tinha sido concretizado.
Vicente Moura assumiu que, dado a forma como o processo decorreu, sem que a W52 tenha acautelado os direitos do Sporting, o desfecho foi “um bem”.
“Hoje vou dormir tranquilo, porque por um lado este acordo soçobrou e por outra ficou demonstrado que estas pessoas não são pessoas em quem possamos confiar”, confessou.
O responsável ‘leonino’, que afiançou que não havia nenhum contrato assinado entre ambas as partes, mostrou-se indiferente à parceria entre a equipa de Sobrado e o FC Porto – “O rival lá sabe. Com as informações que tínhamos, se calhar não queríamos esta equipa” – e lamentou que o caso vá melindrar o ciclismo.
Sobre o eventual regresso a curto prazo do Sporting à estrada, respondeu sucintamente: “Vamos ter de nos sentar, mas para já não acabou”.
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