O ciclista italiano Jonathan Milan disse esta sexta-feira que o título mundial na perseguição individual, selado com recorde do mundo, o deixa feliz, procurando celebrar com “uma cerveja” um sucesso “inacreditável” nos Mundiais de pista.
Depois de Josh Charlton bater, na qualificação, o recorde do mundo de outro transalpino, Filippo Ganna, com o britânico a cifrar a melhor marca nos 3.59,304 minutos, Milan entrou na final da tarde dos Mundiais de pista, na Ballerup Super Arena, na Dinamarca, sabendo que tinha de fazer algo especial contra o rival.
Foi isso que conseguiu, com um ‘tempo canhão’ de 3.59,153 que não deixou dúvidas de que o italiano, um sprinter de excelência na estrada e um ‘pistard’ com títulos mundiais e olímpicos, é o melhor na perseguição individual.
“Foi muito, muito duro. Desde o início, da qualificação, tentei guardar alguma coisa, com adversários tão duros. É sempre preciso estar no nosso melhor”, começou por dizer o italiano da sua prestação nesta prova de 4.000 metros.
Aos 24 anos, soma já um ouro olímpico, na perseguição por equipas em Tóquio2020 (foi bronze em Paris2024), além de oito pódios em Mundiais, em que nunca tinha sido campeão nesta disciplina, fosse por culpa de Ganna ou de outro britânico, Daniel Bigham, hoje terceiro, na despedida da carreira como ciclista.
Quando viu Charlton bater o recorde mundial, ficou “preocupado”. “Porque depois dele vinha ainda o Daniel Bigham... Mas foquei-me no meu ritmo, em fazer o meu melhor. Contra ciclistas como estes, não posso facilitar, eles surpreendem-nos”, analisa.
“Muito feliz” com o resultado, nem quer ouvir falar, quando questionado pela Lusa, sobre baixar dos 3.59 minutos. “Não... calma, vamos desfrutar deste e pensar depois no próximo ano”, atira.
Já quanto a uma celebração semelhante à de Filippo Ganna, que admitiu “precisar de uma cerveja” em 2022, quando bateu Milan por este mesmo ouro, foi mais recetivo.
“Acho que sim, acho que vou celebrar com uma cerveja, mas talvez uma não chegue”, declarou, bem-humorado.
Já ansioso “pelas férias, porque esta época acabou finalmente”, relatou o esforço que o levou a ser o homem mais rápido de sempre como uma mera “tentativa de manter o ritmo muito forte estabelecido”.
“Nem estava assim tão confiante que ia conseguir, mas deu. O que é que posso dizer? É verdadeiramente inacreditável o que fiz”, admitiu.
O dia, de resto, rendeu vários tempos de referência na perseguição individual, com muitos ciclistas a superarem-se, o que acabou por afastar da discussão das medalhas o português Ivo Oliveira, com o sexto melhor tempo.
Ainda assim, o português que foi vice-campeão do mundo em 2018 e bronze em 2022 mostrou que é um dos melhores do mundo nesta vertente ao tirar dois segundos ao seu anterior melhor registo (e melhor do país), agora cifrando-o em 4.04,532 minutos.
Os Mundiais de ciclismo de pista decorrem em Ballerup, na Dinamarca, até domingo, com uma seleção portuguesa encabeçada pelo campeão olímpico do madison Rui Oliveira, incluindo ainda Ivo Oliveira, Diogo Narciso, Maria Martins e Daniela Campos.
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