Geraint Thomas confessou ter ficado chocado quando Remco Evenepoel lhe revelou que estava com covid-19, qualificando como “enorme deceção” a desistência do ciclista belga, de quem herdou a camisola rosa que envergará na 10.ª etapa.
“Foi um choque. Ele [Evenepoel] enviou-me uma mensagem antes do anúncio [da sua desistência]. É uma enorme deceção para a corrida e, pode parecer estranho, mas também para mim. Estava desejoso para termos uma bela luta”, assumiu o galês de 36 anos.
Inesperadamente, o corredor da INEOS, que tem uma relação quase ‘paternal’ com o prodígio belga de 23 anos, viu-se ‘dono’ da camisola rosa, que irá vestir na terça-feira, na 10.ª etapa, “apesar de não ter sido a melhor forma de a conquistar”.
A cumprir a sua 18.ª grande Volta, o vencedor do Tour2018, ‘vice’ de 2019 e terceiro da passada edição da ‘Grande Boucle’ está finalmente a viver um Giro feliz, após anos de azares e de ter desistido nas suas duas últimas participações, envergando, pela primeira vez na sua carreira, a ‘maglia rosa’.
“A corrida ainda está por decidir, há um longo caminho a percorrer e muitas coisas se podem passar. Mas a nossa equipa está numa posição de força”, defendeu.
Thomas lidera a geral com dois segundos de vantagem sobre o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Vismo) e cinco sobre o seu compatriota e colega Tao Geoghegan Hart, vencedor do Giro2020, com o português João Almeida (UAE Emirates) em quarto, a 22 segundos.
“O Tao e eu estamos em boa posição. De alguma forma, somos co-líderes. Evidentemente, tenho a camisola rosa, mas o Tao está mesmo atrás”, notou, recordando que também Roglic está “muito perto”.
Um dia depois de ter perdido o contrarrelógio da nona etapa para Evenepoel apenas por um segundo, e de ter reconhecido ser amiúde subvalorizado, Thomas insistiu em ‘dividir’ a liderança da equipa com Geoghegan Hart, garantindo que, se o seu colega estiver em melhores condições, trabalhará para ele.
“Atualmente, estou na frente, mas se qualquer um de nós estiver em melhor posição de ganhar… Penso que, neste momento, está equilibrado, mas ficarei contente de ajudar o Tao. […] E tenho a certeza que ele fará o mesmo por mim”, reforçou.
Para o ciclista da INEOS, a 106.ª edição da prova italiana “ainda não teve uma verdadeira etapa de montanha”, apontando a 13.ª etapa, que termina em Crans-Montana, como o primeiro “grande teste”, de uma série de “pelo menos cinco grandes etapas de montanha” que serão decisivas.
O único galês a vencer a Volta a França disse ainda não se considerar mais favorito ao triunfo final por estar na liderança da geral. “Esse tipo de coisas, de quem é favorito, não me preocupa”, reiterou, admitindo não sentir “demasiada pressão ou expectativas” por parte da INEOS.
Em final da carreira, ‘G’ quer simplesmente “divertir-se” nesta edição do Giro. “O meu aniversário calha na 18.ª etapa. Farei 37 anos e veremos o que acontece”, acrescentou.
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