A alemã Franziska Brausse conseguiu finalmente o ouro na perseguição individual em Mundiais de ciclismo de pista, em Saint-Quentin-en-Yvelines, em França, enquanto o britânico Ethan Hayter e a belga Lotte Kopecky somaram um segundo título nesta edição.

Hayter e Kopecky ‘dobraram’ o arco-íris a que têm direito, respetivamente no omnium e no madison, num dia em que a maior ‘erupção’ de alegria nas bancadas repletas do Velódromo Nacional, que vai acolher as provas de Paris2024, pertenceram a Taky Kouamé.

A atleta da casa surpreendeu toda a gente na prova de contrarrelógio, de 500 metros, ao ficar a menos de um segundo do recorde do mundo e dar novo ouro à França, o segundo após Mathilde Gros.

Mais tarde, na perseguição individual que ‘coroou’ o novo recordista mundial Filippo Ganna, de Itália, no masculino, foi a alemã Brausse a sorrir, depois de dois remates ‘à trave’ em anos anteriores.

Bronze em 2020 e prata em 2021, este ouro “é superincrível”, classificou, em declarações à Lusa, a nova campeã do mundo de perseguição individual.

Aos 23 anos, chega ao segundo título mundial, tendo já um na perseguição por equipas em 2021, vertente de que também é campeã olímpica, e admite não ficar por aqui, porque tem o recorde do mundo na cabeça para “um dia bater”, mesmo que esse dia até pudesse ser hoje.

“Mas cometi alguns erros na qualificação e, na final, parti muito rápido mas a meio já nem sentia as pernas. (...) O próximo grande objetivo é Paris2024, mas há ainda dois Mundiais, dois Europeus, Taças do Mundo, até lá, e na estrada clássicas, contrarrelógios...”, atirou.

No fecho do penúltimo dia desta edição do Campeonato do Mundo, Hayter, de 24 anos, somou o quarto ouro em Mundiais, o segundo nesta edição e também o segundo seguido no omnium, com um total de 147 pontos, batendo o francês Benjamin Thomas, segundo com 127 ‘selados’ na última volta da última corrida, e o neozelandês Aaron Gate, terceiro com 118.

O britânico já tinha vencido no seio do quarteto que bateu a Itália, de Filippo Ganna, pelo ouro na perseguição por equipas, conseguindo hoje novo ‘escalpe’ importante para a carreira.

A corrida acabou por ter um ‘golpe de teatro’ na última volta dos pontos, em que o francês Benjamin Thomas consumou uma volta de avanço, para amealhar 20 pontos e ‘saltar’ para segundo, acabando na prata à frente do neozelandês Aaron Gate, bronze.

Nesta prova participou o português João Matias, que fechou no 16.º posto, com 39 pontos.

Antes, também houve ‘drama’ no final do madison, em que inicialmente o ouro foi anunciado para as francesas Clara Copponi e Valentine Fortin, antes de ‘cair’ para as belgas Lotte Kopecky e Shari Bossuyt, uma dupla inédita que chegou à camisola arco-íris com uma volta perfeita.

Depois de uma corrida defensiva e discreta, usaram um dos ‘sprints’ intermédios para atacar, somando cinco pontos, primeiro, e completando uma volta de avanço pouco mais tarde, saltando para a frente.

“No início da semana, eu era reserva para o omnium, e agora vou vestir uma camisola arco-íris. É incrível, é tudo o que poso dizer”, descreveu, à Lusa, Shari Bossuyt, de 22 anos.

Mais experiente, Lotte Kopecky mostrou-se feliz por um “triunfo fantástico, em que o plano era fazer exatamente isto”, juntando este título ao da eliminação.

Quanto ao ‘drama’ da atribuição do ouro após o final, pensou “num palavrão”, primeiro, mas “depois foi felicidade”. “Porque uma prata no madison já seria incrível, mas avisam-nos que foi ouro e... uau”, contou.

Kopecky, de 26 anos, usou ainda o destaque que lhe foi dado por novo título mundial para lembrar as antecessoras, as neerlandesas Kirsten Wild, já ‘reformada’, e Amy Pieters, que enfrenta uma dura reabilitação após ter estado quatro meses em coma na sequência de uma queda grave, apelando a donativos para um fundo criado em seu nome.

No último dia de Mundial, João Matias volta à pista para dar “o tudo por tudo e estar entre os melhores” na eliminação, de que foi vice-campeão europeu em 2021.

É um de três portugueses a lutar por mais medalhas, além de Daniela Campos, na corrida por pontos, e dos irmãos Ivo e Rui Oliveira, na prova de duplas do madison, parte do programa olímpico.