O ciclista francês Romain Bardet (Ag2r-La Mondiale), movido pelo seu espírito atacante, conquistou a quinta etapa do Critério do Dauphiné, que deu a liderança ao norte-americano Tejay Van Garderen (BMC).
A pouco mais de três semanas do arranque da Volta a França, Bardet, um dos ciclistas que deslumbrou na principal prova do calendário velocipédico em 2014, ao ser sexto na geral final, mostrou estar preparado para o desafio que começa a 4 de julho, atacando magistralmente o grupo de favoritos para festejar em Pra-Loup, no final dos 161 quilómetros desde Digne-les-Bains.
Numa etapa que é a réplica da 17.ª etapa do Tour2015, o jovem francês, de 24 anos, revelou ambição e numa estratégia pré-desenhada pela Ag2r-La Mondiale distanciou-se na descida depois da contagem de primeira categoria de Allos, considerada uma das mais duras do território francês, ganhando uma margem que lhe permitiu chegar isolado à meta, com o tempo de 04:31.22 horas.
"Não conhecia esta descida, mas adoro pequenas estradas, curvas fechadas. Quando estamos sozinhos, podemos controlar as trajetórias. Raras são as situações no ciclismo moderno em que um homem sozinho pode ser mais rápido que o pelotão”, explicou Bardet, que, depois de descer 16 quilómetros em solitário e subir outros seis para vencer a quinta etapa, já está a pensar no exame que tem de fazer depois do Dauphiné para se formar em gestão.
O efeito-surpresa do corredor francês, que atacou quando a fuga do dia, criada ao quilómetro 13 por iniciativa de Christophe Riblon (AG2R-La Mondiale), Tim Wellens (Lotto-Soudal), Pieter Serry (Etixx-QuickStep), Romain Sicard (Europcar), Arnaud Courteille (FDJ) e Albert Timmer (Giant-Alpecin), já estava anulada, apanhou desprevenidos os favoritos à geral final, mas permitiu perceber que entre os candidatos ao triunfo no Tour é o britânico Chris Froome quem está melhor.
O ciclista da Sky, vencedor da Volta a França de 2013, atacou nos dois últimos quilómetros, sendo perseguido por Van Garderen, que conseguiu superá-lo nos 100 metros finais para ser segundo, a 36 segundos de Bardet, e vestir assim a camisola amarela.
O britânico, terceiro na tirada a 40 segundos, demonstrou estar num melhor momento de forma do que Vincenzo Nibali (Astana), o detentor do ‘título’ no Tour, que claudicou nos quilómetros finais e cortou a meta apenas na 23.ª posição, um lugar atrás do português Rui Costa (Lampre-Merida), a 01.59 minutos de Bardet.
Mais do que a reformulação na geral – o ciclista da BMC lidera com 17 segundos de vantagem para o espanhol Beñat Intxausti (Movistar), 20 para Bardet, 31 para o italiano Michele Scarponi (Astana) e 41 para Froome -, a quinta etapa destapou a debilidade de alguns dos favoritos ao pódio da próxima Volta a França.
Derrotados pela subida a Allos, o francês Jean-Christophe Péraud (Ag2r-La Mondiale), segundo no Tour2014, perdeu 10.57 minutos para o seu colega de equipa e o holandês Bauke Mollema (Trek) mais de 15. Em menor escala, os espanhóis Joaquim Rodriguez (Katusha), 12.º a 01.11 minutos, e Alejando Valverde (Movistar), 19.º a 01.53 minutos, também ficaram aquém do esperado.
Rui Costa foi o português que melhor ultrapassou a contagem de primeira categoria, sendo 22.º, a 01.53 minutos de Bardet, um resultado que o faz saltar para o 22.º posto da geral, a 02.11 minutos do norte-americano da BMC.
Tiago Machado (Katusha) foi 35.º, a 03.24 minutos, e subiu a 32.º da geral, a 03.59 minutos de Van Garderen, com Bruno Pires a chegar sete lugares depois na tirada. O ciclista da Tinkoff-Saxo é agora o quarto luso na geral (59.º a 11.47 minutos), depois de José Mendes (Bora-Argon 18), que foi 69.º a 10.57 minutos, e caiu para a 57.ª posição.
O bicampeão nacional Nelson Oliveira (Lampre-Merida) terminou a quinta tirada no 113.º lugar, a 17.03 minutos, e é 81.º da geral.
Na sexta-feira, novo teste às capacidades dos favoritos, nos 183 quilómetros entre Saint-Bonnet-en-Champsaur e Villard-de-Lans.
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