O ciclista português João Almeida (UAE Emirates) nunca desceu abaixo de quinto da geral durante toda a Volta a Itália, prova da regularidade e consistência que lhe deram o terceiro lugar final e a vitória na juventude.
O caminho para este resultado inédito no Giro para o ciclismo português começou logo no contrarrelógio de abertura, em que o belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) venceu, com Almeida no terceiro lugar.
Seguiu-se uma primeira semana em que se manteve entre o segundo e o quarto posto da geral, caindo, no contrarrelógio da nona etapa, para quinto, a pior classificação que ‘ocupou’ nesta 106.ª edição.
Foi sol de pouca dura, uma vez que o abandono de Evenepoel, por covid-19, o ‘empurrou’ a quarto, de novo, e depois a saída de cena do britânico Tao Geoghegan Hart (INEOS) estabeleceu o ‘top 3’ que acabou por dominar até final.
O britânico Geraint Thomas (INEOS) liderou grande parte da corrida apenas para perder a liderança para o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma) no contrarrelógio da 20.ª e penúltima etapa, mas no início da terceira e última semana, a decisiva, o mais forte parecia ser o menos experiente do trio.
João Almeida venceu a 16.ª etapa, numa chegada em alto a Monte Bondone, no regresso após o derradeiro dia de descanso, e mostrou-se aos adversários, subindo ao segundo lugar da geral com Thomas na ‘mira’, depois de ambos se juntarem para afastar Roglic.
Depois de uma 17.ª tirada dedicada aos sprinters, o Val di Zoldo deixou o português em maus lençóis, ao ser desta vez o membro do trio isolado pelos outros, caindo para terceiro, e a toada manteve-se no dia seguinte em Tre Cime di Lavaredo.
Aí, Roglic foi o mais forte e, apesar de Almeida se ter mostrado, acabou por voltar a ceder tempo na luta pela vitória, ainda que a cada dia fosse cimentando a posição no pódio e mostrando superioridade para toda a gente menos os dois experientes rivais dos primeiros lugares.
A ‘cronoescalada’ da 20.ª etapa imitou e definiu o pódio: Almeida, que já tinha sido quarto em 2020 e sexto em 2021, como o melhor jovem e atrás apenas de Thomas, que ‘colapsou’ ante o esloveno que venceu pela primeira vez o Giro após três triunfos na Vuelta.
Quanto à luta pela juventude, essa nem foi realmente uma batalha desde a saída de cena de Evenepoel, uma vez que o norueguês Andreas Leknessund (DSM), que chegou a liderar a ‘corsa rosa’, não foi uma ameaça e concentrou-se em defender o ‘top 10’, com o neerlandês Thymen Arensman (INEOS) preso no trabalho em prol do chefe de fila.
Contas feitas, João Almeida conseguiu o primeiro pódio de Portugal no Giro, o quarto em grandes Voltas após três de Joaquim Agostinho, uma classificação secundária e uma vitória em etapa, nunca baixando de quinto (uma posição em que só passou uma noite) e quase sempre entre os três melhores da corrida.
Em termos de etapas, e além da vitória, nota para oito ‘top 10’ ao longo da corrida, indicativos da capacidade de estar entre os melhores.
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