A BMC provou hoje que a união é melhor do que a soma das partes, ao impedir a Omega Pharma-Quickstep de conquistar o seu terceiro título consecutivo, ao vencer o contrarrelógio por equipas dos Mundiais de ciclismo.
“Outsider”, a formação norte-americana surpreendeu as grandes favoritas ao ouro no "crono" por equipas de Ponferrada2014, aliando-se num verdadeiro bloco para chegar a um ouro que, à partida, parecia entregue aos campeões em título que, no entanto, tiveram de se contentar com o bronze, atrás dos australianos da Orica-GreenEdge, que repetem a prata de Florença2013.
Com o norte-americano Tejay Van Garderen como nome mais sonante, a BMC, composta pelo australiano Rohan Dennis, o suíço Silvan Dillier, os italianos Daniel Oss e Manuel Quinziato e o eslovaco Peter Velits, o totalista de títulos mundiais por equipas (tinha sido campeão em 2012 e 2013 com os belgas), fez um contrarrelógio perfeito, ainda com piso seco, e cumpriu os 57,1 quilómetros em 01:03.29 horas.
Antes do arranque do “crono” coletivo, podia afirmar-se com certeza que não havia ninguém como Tony Martin, nem equipa como a Omega Pharma-Quickstep, pelo menos quando se trata de correr contra o cronómetro.
Para enfrentar os 57,1 quilómetros com início e final em Ponferrada e a difícil missão de conquistar o “tri”, tal como a norte-americana Specialized-Lululemon tinha feito de manhã no setor feminino, o triplo campeão mundial da especialidade fez-se escoltar pela lenda belga Tom Boonen e seus compatriotas Pieter Serry e Julien Vermote, pelo polaco Michał Kwiatkowski e pelo holandês Niki Terpstra.
Mas os seis elementos da equipa belga cedo deram sinais de que o seu “comboio” não estava tão afinado como em anos anteriores, ao ficarem atrás da BMC no primeiro ponto de cronometragem, ao quilómetro 23,6 – o resultado dava quase um empate técnico, com apenas 46 centésimos de diferença.
Enquanto na meta, as equipas passavam uma a uma, com os líderes provisórios mais consistentes a serem, primeiro, a Cannondale do sempre irreverente Peter Sagan, o crónico camisola verde do Tour, e, depois, a Trek, do eterno rival de Martin, o suíço Fabian Cancellara, na estrada assistia-se à superação da Sky, medalha de bronze do ano passado.
Com Bradley Wiggins, o vencedor do Tour2012 e campeão olímpico em Londres2012, ao comando, os britânicos, que antes do segundo ponto de cronometragem já só tinham quatro elementos, os necessários para fechar o tempo, conseguiram, ainda assim, estabelecer o melhor resultado ao quilómetro 36, antes da passagem da Omega Pharma-Quickstep.
Confirmando os registos na estrada, os norte-americanos da BMC, numa altura em que a chuva começou a aparecer, fizeram o melhor tempo na meta, retirando mais de um minuto ao tempo da Trek e deixando Cancellara com cara de completa incredulidade (e sem medalha) diante de um super-tempo.
Sentados na “cadeira quente”, os “norte-americanos” tiveram de esperar: viram a Sky passar para um dececionante quarto lugar, a 37 segundos, assistiram à renovação do vice-campeonato da Orica-GreenEdge, que após um início muito discreto foi de mais a menos para acabar a 31 segundos, e explodiram quando a Omega Pharma-Quickstep entrou na meta a 35 segundos, já sem Kwiatkowski.
“Estávamos confiantes, mas nervosos ao mesmo tempo. Quer dizer, somos campeões do Mundo. Que mais posso dizer?”, perguntou um felicíssimo Van Garderen.
Menção ainda para a Lampre-Merida de Nelson Oliveira, que não foi além da 15.º posição, a 02.30 minutos da BMC.
Com o final da primeira jornada, cai o pano sobre o protagonismo das equipas no Mundial de ciclismo de Ponferrada. A partir de segunda-feira e até domingo, têm lugar as seleções nacionais.
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