A presença do Presidente da República Angolana no aeroporto de Luanda, para receber a seleção de basquetebol após conquista do "tri" no Afrobasket1993 destaca-se entre as memórias do antigo líder federativo Pires Ferreira.
O bancário que dedicou 16 anos à gestão da modalidade, chegando a presidente da federação fez esta revelação em entrevista à Angop, sublinhando que "desde a primeira" hora sentiu o apoio do presidente José Eduardo dos Santos à FAB e ao basquetebol.
Em vésperas da sétima participação de Angola no Mundial, que inicia a 30 deste mês, Pires Ferreira abordou "o ontem, o hoje e o amanhã" do basquetebol angolano, que num período de três meses disputa três campeonatos do mundo.
Ao enumerar os momentos e as figuras marcantes que traz na memória, destacou como "referência especial" o gesto do estadista - na altura, pela primeira vez.
A vitória sobre a anfitriã Espanha por 20 pontos nos Jogos Olímpicos Barcelona92, quando Angola apenas se estreava nessa competição, foi outro momento ressaltado pelo ex-presidente federativo. Quanto a nomes, afirmou que Angola tem jogadores "que foram verdadeiros heróis", mas reconhece não ser um exercício fácil enumerá-los.
"Nós temos jogadores que foram verdadeiros heróis. É um bocado arriscado fazer referência a nomes. Não é um exercício fácil", declarou, antes de optar "pela ordem cronológica para não ser mal interpretado".
Assim, apontou José Carlos Guimarães, Jean Jacques da Conceição, "referência dentro e fora do país", Ângelo Victoriano, Miguel Lutonda - quase todos eles foram considerados MVP em África. Noutro enquadramento referiu-se a lançadores como Necas, Victor Carvalho, Herlander Coimbra. A respeito do primeiro, lembrou: "Era o lançador dos triplos que tínhamos, mas era muito complicado poder lançar, porque tinha que receber sequência de bloqueios para poder libertá-lo e assim fazer o arremesso à cesta".
Depois, Pires Ferreira fez alusão a jogadores que "estão na boca da população, dos amantes da modalidade e mesmo dos que não estão próximos da bola-ao-cesto", tendo citado dois exemplos: Olímpico Cipriano, "que é, assim como um símbolo, um guia", e Miguel Lutonda.
Quanto a Carlos Almeida, referiu que "tem uma particularidade porque não foi só capaz se destacar dentro mas fora das quadras também, sem desprimor para os outros. Pela sua postura e forma de estar; talvez seja por isso também a trajectória que faz neste momento".
"É evidente que há muitos exemplos mais, de técnicos, dirigentes desportivos que souberam em momentos difíceis estar à altura de assumir compromisso de responsabilidades que impendiam sobre nós. Isto é muito importante", disse.
Em relação aos momentos memoráveis, apontou o facto inédito de vencer o país organizador dos Jogos Olímpicos. "Foi algo que ressoou pelo mundo fora e custou a saída do treinador de Espanha que estava há mais de 10 anos à frente da selecção. E não só. Foi um sinal que ficou ali, que os espanhóis nunca esquecerão".
Fez referência especial ao chefe de estado durante os 16 anos que esteve na FAB.
"Desde a primeira hora - entrei para a federação em 1986 (oito anos como vice-presidente e oito como presidente) a FAB, e não só, sentiu sempre um apoio, uma postura muito particular, em relação ao tratamento que era dado pelo Chefe de Estado, que vai completar o 72 aniversário dentro de dias. Foi alguém que ajudou bastante, naquilo que é o fenómeno desportivo e no caso concreto o basquetebol".
"Recordo-me que em 2003, tivemos a honra de termos sido acolhidos no aeroporto, por sua excelência presidente da República". (…) Foi algo que naquela altura aconteceu pela primeira vez, e retemos e reteremos enquanto tivermos memória. Foi algo que muito nos honrou, ao basquetebol e os amantes do desporto".
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