A jovem atleta do Clube de Basquetebol de Tavira, impedida de alinhar num jogo no passado domingo, já possui o equipamento que lhe permite jogar segundo as regras da modalidade e da religião muçulmana.
Fátima Habib apresentou-se na tarde de hoje, na Nave de Ferragudo, em Lagoa, com o equipamento completo, não tendo existido qualquer impedimento para que jogasse pelo seu clube frente à Associação Cultural e Desportiva de Ferragudo, numa partida do campeonato regional feminino de sub-16.
A atleta de 13 anos, de origem paquistanesa, apresentou-se como o cabelo, as pernas e os braços cobertos por uma licra, que ficam à mostra com o equipamento normal com que alinham as suas colegas, algo que vai contra a sua religião.
Presente na Nave de Ferragudo esteve o diretor de competições da Federação Portuguesa de Basquetebol, que presenteou a atleta com “os acessórios necessários” para que lhe seja possível jogar, segundo as regras, que “são do conhecimento de todos desde 2017”.
José Pinto Alberto reafirmou aos jornalistas que a Federação não faz qualquer discriminação, seguindo as regras da Federação Internacional de Basquetebol, que “são inclusivas”, permitindo a prática da modalidade por crentes de várias religiões.
Aos jornalistas, a jovem afirmou estar “feliz com este desfecho” e por poder “voltar a jogar com as suas colegas”, como faz há já três anos. Fátima acabou por alinhar, não com o equipamento que lhe foi oferecido, mas com o que tinha já vestido e com o qual realizou o aquecimento, sendo considerado legal.
Uma dirigente do CB Tavira revelou à agência Lusa que o caso tomou uma dimensão desproporcional e que a única preocupação do clube foi "que a Fátima jogasse e que fosse feliz”, daí o cuidado para que ela vestisse o equipamento regulamentar.
Silvia Rufino afirmou que não tinham conseguido encontrar o lenço regulamentar, apesar de terem “procurado em Espanha” e posteriormente “encomendado on-line”, mas não chegou "a tempo” do jogo da semana passada, no entanto, foi o que exibiu “na partida de hoje”.
Nesta partida, que o clube de Tavira perdeu por 139-12, esteve presente o pai da atleta, que à Lusa revelou-se igualmente feliz por este episódio “ter terminado”, até porque os outros seus filhos, rapazes, também são praticantes da modalidade.
Habib-ur-Rehman afirmou que sempre sentiu o apoio quer do clube, quer da Federação, que estiverem “sempre em contacto” consigo e reafirma que se sente bem acolhido em Portugal, país para onde emigrou há anos, tendo depois conseguido reunir toda a família em Tavira.
A atleta de 13 anos de idade tornou-se mediática depois de não ter podido jogar numa partida com Imortal de Albufeira, no passado domingo, considerando os árbitros da partida que não estava a cumprir as regras da Federação Portuguesa de Basquetebol.
Em causa, a largura das mangas da camisola que vestia por baixo do equipamento do clube por questões religiosas, mas que iriam contra os regulamentos da Federação, o que foi encarado pelos alguns membros do clube como discriminação religiosa.
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