O documentário 'Neemias Queta: Big Dream', uma curta-metragem do projeto Betclic NXT, com estreia agendada para quarta-feira, apresenta o basquetebolista português em todo o seu percurso e as dificuldades por que passou até chegar à Liga norte-americana (NBA).
Da autoria do realizador português André Braz, esta obra cinematográfica conta passo a passo a carreira de Neemias Queta, que segundo os amigos e familiares tinha “dois pés esquerdos para jogar futebol e demorava uma eternidade para passar a bola”, motivo pelo qual a dada altura se virou para o basquetebol e ingressou nos escalões de formação do Barreirense.
“Acompanhámos a história dele desde criança, acompanhámos também os momentos antes do dia do 'draft'. Podem esperar um documentário sobre um sonho realizado. Um sonho realizado com muito esforço e dedicação e assente nos valores transmitidos pela família, que Neemias leva até aos dias de hoje e que permitem estar onde está”, começou por dizer André Braz.
Rodado em contexto de pandemia, o que obrigou o realizador a contratar uma equipa local para as filmagens, fruto da impossibilidade de viajar para os Estados Unidos, o documentário foca muito as raízes do basquetebolista dos Sacramento Kings, não só familiares, como da localidade onde viveu: o Vale da Amoreira (município da Moita, distrito de Setúbal).
“Da parte dele, houve sempre muita abertura. Ele tinha muita vontade que este filme fosse feito, para contar a história dele às pessoas. A parte que mais me surpreende é uma frase dita por um dos treinadores dele no Utah. Ele disse-lhe que ele ia mudar a vida do Neemias, mas que passado estes anos o Neemias é que tinha mudado a vida dele. Isto revela a personalidade do Neemias. Ele tem um impacto muito grande nas pessoas que o rodeiam”, afiançou, desejando querer continuar a contar a história do basquetebolista luso “que acabou de começar”.
A ante-estreia decorreu no cinema do Campo Pequeno, em Lisboa, com a sala cheia. Antes da apresentação do documentário, onde se nota a forte cumplicidade com a mãe, o público foi brindado com uma mensagem em vídeo da ‘estrela’ da NBA.
“Quero agradecer a toda a gente que está na estreia do meu filme. Espero que consigam aprender um pouco mais do que foi a minha vida. Este documentário conseguiu retratar muito bem o que se passou na minha vida, o que tive de superar para poder crescer tanto como pessoa, como como atleta. Tanto dentro de campo, como fora dele, sinto que Deus tem muitas bênçãos para mim no futuro. Obrigado”, disse.
Para o selecionador português de basquetebol, Mário Gomes, a presença de Neemias na NBA dá “tempo de antena” à modalidade.
“Como homem do basquetebol, espero que tenha um impacto muito grande na nossa juventude, para que haja uma adesão maior à modalidade. E que, obviamente, com a participação de Neemias na seleção nacional, possamos subir patamares competitivos. Há que trabalhar para aproveitar a onda”, frisou.
Mário Gomes não tem dúvidas que o basquetebolista luso se vai afirmar na NBA dado que “tem a cabeça no sítio” e, por isso, “tem a mentalidade apropriada para poder singrar”.
“Ele tem objetivos claros, não se esquece de onde veio e o que teve de trabalhar para estar onde está agora. Sei que vai ser paciente e vai perceber quem é que lhe vai dar bons conselhos para poder fazer o trajeto que todos desejamos que ele faça. Ele vai ser um marco histórico na modalidade”, realçou.
Cedido pela equipa principal Sacramento Kings aos dos Stockton Kings, com um contrato de duas vias que ficará ativo a partir de janeiro, Neemias Queta é para o português Carlos Barroca, vice-presidente da NBA na Ásia, um ‘farol’.
“Com Neemias, há agora três portugueses na NBA. Sou eu e a Natália André, que trabalha comigo no escritório de Hong Kong, e agora o Neemias. A nível de talento, não podemos esquecer as passagens da Ticha Penicheiro e Mery Andrade, porque também foram luzes que abriram caminho para inspirar outros”, afirmou.
Segundo Carlos Barroca, o “querer indomável” é a característica principal que permitirá a Neemias crescer e triunfar na NBA.
“Este é o cenário ideal para ele se desenvolver. O cenário da NBA para ele está perto, mas é ainda um bocadinho longe. Este é o ‘aquário’ certo para ele se desenvolver, aprender a mexer-se, a ser rápido e a utilizar as suas capacidades atléticas. Acredito que este é o 'plateau' certo para o desenvolvimento dele”, asseverou.
Por sua vez o presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Manuel Fernandes, que escolhe os mesmos atributos que os restantes (entre os quais a humildade, a confiança, o crer e o querer), não tem dúvidas que Neemias será uma referência para os jovens não só como atleta, mas também como ser humano.
“Antes de ir para os Estados Unidos, Neemias tinha uma proposta do Valência. Eu disse-lhe para aproveitar, porque assim nem precisaria de andar nos 'drafts'. E ele disse-me que o dinheiro até ajudaria a família, mas o treinador do Utah State Aggies foi falar com ele ao Vale da Amoreira e comprometeu-se que iria para lá e não teve coragem de negar a proposta. Só isso mostra bem a cabeça bem organizada que tem”, disse.
Segundo Manuel Fernandes, a federação vai criar o “Campo de basquetebol Neemias”, e Neemias nada pediu para si. Pediu para os alunos da escola do ensino básico do Vale da Amoreira, onde estudou, receberem t-shirts com a sua imagem, e o Barreirense, onde se iniciou na modalidade, 500 bolas de mini-basket ao longo dos próximos anos.
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