A ucraniana Yaroslava Mahuchikh dedicou hoje a medalha de ouro no salto em altura conquistada nos Mundiais de atletismo em pista coberta ao seu país, alvo de invasão pela Rússia.
"Antes de ir para a pista, a minha cabeça estava na Ucrânia, por causa dos terríveis eventos que estão a acontecer lá. Esta medalha é, acima de tudo, para minha nação, para o meu povo e para o seu exército. Estou muito feliz por tê-la conseguido para os representar”, afirmou a jovem saltadora, de 20 anos, em Belgrado.
Mahuchikh arrebatou o título mundial ‘indoor’, com um salto de 2,02 metros, batendo a australiana Eleanor Paterson (2,00) e a cazaque Nadezhda Dubovitskaya (1,98), segunda e terceira classificadas, respetivamente.
O triunfo na Stark Arena, celebrado com a bandeira ucraniana em torno do corpo, perante os aplausos de pé dos espetadores, naquele que, para a vice-campeã do mundo ao ar livre e medalha de bronze olímpica, é muito mais do que um título mundial.
E até as suas rivais prestaram homenagem a Mahuchikh, com, por exemplo, a vice-campeã Patterson a apresentar-se no concurso com as unhas pintadas de azul e amarelo, aas cores da bandeira ucraniana.
“Estou com o coração partido a pensar no sofrimento dos ucranianos e dos seus atletas. Conquistar a medalha [de prata], atrás da Yaroslava tornou este pódio um pouco mais especial. Estou orgulhosa dela, que teve de enfrentar tantas dificuldades. Tenho um enorme respeito pelas atletas ucranianas que conseguiram vir até aqui. Após a competição, disse à Yaroslava que o meu coração estava com ela”, explicou a australiana.
Yaroslava Mahuchikh é uma das seis atletas ucranianas presentes em Belgrado, nos campeonatos do mundo, competição da qual foram excluídas as representações da Rússia e da Bielorrússia pela intervenção na invasão da Ucrânia.
Mahuchikh deixou o seu país já durante o conflito iniciado em 24 de fevereiro, enfrentando uma longa e conturbada viagem até à capital sérvia.
“Em 24 de fevereiro, acordei com duas explosões. Liguei aos meus pais e ao meu treinador. Percebi que os russos tinham iniciado a guerra. A situação era difícil e tive de sair da minha cidade, Dnipro. Sem treinar, pensei que não podia vir aos Mundiais, mas a federação pediu-nos para vir defender o país na pista e foi aí que iniciámos uma viagem de três dias de carro, sob bombardeamentos e ao som de sirenes”, detalhou.
Iryna Gerashchenko, a outra ucraniana no concurso do salto em altura, terminou no quinto lugar, com 1,92 metros, atrás da montenegrina Marija Vukovic, quarta classificada.
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