O Supremo Tribunal dos Estados Unidos aceitou hoje rever a sentença de morte de Dzhokhar Tsarnaev pelo atentado à bomba na maratona de Boston em 2013, que matou três pessoas e feriu mais de 260.
O anterior governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, pretendia que a pena de morte fosse aplicada a Tsarnaev, tendo solicitado ao Supremo Tribunal, em outubro do ano passado, que o caso fosse revisto, depois de, em julho, um tribunal de recurso norte-americano ter anulado a sentença inicial.
Embora o atual presidente do Estados Unidos, Joe Biden, se tenha oposto à sentença, o executivo democrata permitiu que o pedido do governo republicano seguisse o seu curso e o Supremo Tribunal aceitou hoje rever o caso de Tsarnaev.
Estudante de origem chechena, Dzhokhar Tsarnaev foi condenado à morte em junho de 2015 por ter colocado, com o seu irmão mais velho Tamerlan, duas bombas artesanais perto da linha de chegada da maratona de Boston, matando três pessoas e ferindo 264, das quais 17 sofreram amputações.
Três noites após os ataques, enquanto tentavam fugir de Boston, Tsarnaev matou um polícia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) durante uma perseguição em que os irmãos largaram explosivos e realizaram tiroteios que levaram Boston e seus arredores a um recolher de obrigatório de 24 horas.
A defesa afirmou sempre que o jovem, na época com 19 anos (hoje com 27 anos), estava sob a influência do irmão mais velho, morto pela polícia três dias depois do ataque.
Em 31 de julho, um tribunal de recurso de Boston anulou a sentença de morte de Dzhokhar Tsarnaev, citando, em particular irregularidades na seleção dos jurados.
Os juízes encaminharam o caso para outro tribunal, observando que o mesmo deveria, pelo menos, aplicar a prisão perpétua.
Porém, Donald Trump criticou a decisão, acreditando que a “pena de morte raramente foi tão merecida” como no caso de Tsarnaev.
A anulação da sentença de morte de Tsarnaev ocorreu no momento em que o governo do presidente Donald Trump decidiu retomar as execuções no nível federal, após 16 anos de interrupção.
Há seis anos, a decisão de executar o acusado motivou críticas de grupos como a Amnistia Internacional (AI) e dezenas de moradores de Boston, que, desde quando a sentença foi proferida, expressaram com faixas que "a pena de morte é um assassinato".
Os atentados da maratona de Boston foram os piores cometidos em solo norte-americano desde o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, que matou mais de três mil pessoas.
Vinte e dois dos 50 estados dos EUA já aboliram a pena capital no seu território, enquanto outros 12 estão há mais de 10 anos sem realizar uma execução, segundo o Centro de Informação sobre a Pena de Morte (DPIC, na sigla em inglês).
O governo de Trump, acérrimo defensor da pena de morte, realizou um número recorde de execuções federais nos últimos meses do seu mandato, ao levar a cabo 13.
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