A norte-americana Sha'Carri Richardson venceu finalmente os 100 metros de uma grande competição mundial de atletismo, hoje em Budapeste, redimindo-se de forma espetacular e atribulada dos desaires 'amargos' das últimas épocas.
A única final feminina do dia dos Mundiais que estão a decorrer em Budapeste esteve muito perto de não contar com ela - foi a última das atletas repescadas, mas no final brilhou mesmo, com uma corrida 'canhão' que ganhou em 10,65 segundos, derrotando as rivais jamaicanas.
No setor masculino, Hughes-Fabrice Zango tirou todo o partido da ausência por lesão do português Pedro Pichardo e ganhou o triplo salto, dando a primeira medalha de sempre ao Burkina-Faso.
Nas barreiras altas Grant Holloway, dos Estados Unidos, conseguiu o seu terceiro ouro de seguida - é campeão desde Doha2019 - e no lançamento do disco tudo se decidiu mesmo no último ensaio, a favor do sueco Daniel Stahl.
A fechar o programa do terceiro dia dos Mundiais, os 100 metros não desiludiram, com as seis melhores do ano em pista e alguma expectativa quanto a um inédito sexto título para a jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce, a campeã do ano passado.
Já se sabia que Sha'Carri, de 23 anos, era talentosa, mas não a ponto de correr na pista mais exterior, largar em último e ainda assim não 'desistir' e finalizar em 10,65, quinta melhor marca de todos os tempos.
E conseguiu-o nem uma hora depois de ter sofrido e bem para chegar à final, já que foi somente a nona na ronda das meias-finais, repescada por tempo.
Visivelmente em choque, logo que percebeu que era campeã, Sha'Carri demorou tempo a recompor-se e a 'assumir' que a sua carreira levava ali uma grande viragem.
Para trás, fica o dececionante ano de 2021, em que falhou os Jogos Olímpicos por um controlo positivo por canábis, e também o desaire total de 2022, em que falhou os Mundiais no Oregon, por não ter conseguido lugar na seleção dos Estados Unidos.
A Jamaica fica com o resto do pódio, através de Sherika Jackson (10,72) e Fraser-Pryce, a campeã do ano passado (10,77), no que foi uma das melhores corrida de sempre do hectómetro.
O mote de 'vingança' dos Estados Unidos sobre a Jamaica, na rivalidade da velocidade e barreiras, já tinha sido lançado com o 'tri' de Holloway nos 110 metros barreiras, a derrotar o campeão olímpico, Hansle Parchment.
Desta vez, Parchment não conseguiu contrariar o favoritismo de Holloway - impecável na passagem das barreiras - terminando em 13,07 contra 12,96 do rival norte-americano.
Com o bronze de Daniel Roberts, em 13,09, os Estados Unidos fecharam o dia com três medalhas nas velocidades e barreiras, tal como a Jamaica, com ambas as delegações a reforçar o seu 'peso' no quadro de medalhas.
No triplo salto, a final estava 'órfã' do português Pedro Pichardo, o campeão em título que não se apresentou devido a uma lombalgia não curada.
A competição ficou ainda mais aberta com a lesão do jamaicano Jaydon Hibbert, no início da final, a afastar desde logo outro dos candidatos às medalhas.
Quem não falhou foi Hugues-Fabrice Zango, do Burkina-Faso, o medalhado de bronze de Tóquio2020. Bastou um relativamente 'curto' salto de 17,64 metros para a primeira medalha do país africano.
Cuba continua a 'produzir' saltadores de alto nível e os mais recentes são Lazaro Martinez e Cristian Nápoles, prata e bronze com 17,41 e 17,40, respetivamente.
A única final do dia de lançamentos foi a do disco masculino, que teve emoção mesmo, mesmo até ao final: Na última série de lançamentos, Daniel Stahl perdeu o primeiro lugar, para o esloveno Kristjan Ceh, mas teve ânimo para voltar para a frente, com um 'tiro' de 71,46 metros, novo recorde dos campeonatos.
Com uma frieza já lendária - nem um sorriso, nem uma celebração - o gigante sueco, campeão mundial em 2019 e campeão olímpico, acabava com o sonho de Ceh, que com os 70,02 já se via como campeão.
O bronze ficou na posse do lituano Mykolas Alekna, filho do lendário Virgilijus Alekna, antigo vice-campeão olímpico.
No quadro global de medalhas, os Estados Unidos reforçam o domínio avassalador, com nove pódios, incluindo cinco ouros.
Após as provas de hoje, são já 23 as delegações que conquistaram medalhas em Budapeste.
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