A 14.ª São Silvestre de Lisboa, hoje apresentada, regressa no sábado às ruas, após uma edição virtual, devido à pandemia de covid-19, mas ainda com restrições sanitárias e com ambição dos atletas na tradicional ‘guerra dos sexos’.
Em conferência de imprensa de apresentação da prova, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho, as atletas femininas Jéssica Augusto e Mariana Machado e os masculinos João Pereira e Samuel Barata fizeram a antevisão da prova, em que a luta de géneros é um dos maiores atrativos, com atual vantagem dos homens (seis vitórias contra cinco).
“Sempre competi nesta prova no máximo e dei o meu melhor para chegar à frente dos homens. Amanhã [sábado] não será exceção. Vou meter um andamento forte desde o tiro de partida. Queremos empatar esta ‘guerra dos sexos’”, sublinhou Jéssica Augusto.
A atleta do Sporting, de 40 anos, é presença assídua na prova, que já venceu em 2010 e 2016, e considera que a diferença de quatro minutos entre homens e mulheres “é favorável”, com a experiência a dizer-lhe que, se a líder das mulheres estiver a sair da rotunda do Marquês de Pombal quando os homens estiverem a entrar, “está ganho”.
A estreante Mariana Machado, recentemente ‘bronze’ nos Europeus de corta-mato de sub-23, mostrou-se “muito feliz por fazer a primeira participação na São Silvestre” e “ansiosa por desfrutar da corrida pelas ruas de Lisboa e sentir o apoio do público”.
“Estou em boa forma e, acima de tudo, quero divertir-me porque estas provas são isso mesmo. É uma adrenalina e emoção muito grande. Sentimos muito o calor humano e vai ser uma prova com muita emoção”, disse a atleta do Sporting de Braga, de 21 anos.
Do lado masculino, João Pereira, vencedor em 2018, destacou as dificuldades da prova de 10 quilómetros, mas acredita nas suas potencialidades e nas de Samuel Barata para vencer a ‘guerra dos sexos’: “Acredito que conseguimos correr na casa dos 29 minutos. Teremos de esperar que as raparigas se sintam mal durante a prova”, brincou o atleta.
Samuel Barata, que venceu em 2017, realçou que haverá “muita qualidade” nas duas vertentes e que, por isso, “vai ser difícil chegar à meta antes delas”, que contam com duas gerações “de altíssimo nível”, apontando a correr “em cima da marca da prova”.
“A responsabilidade é chegar competitivo às provas. Fiz o trabalho de casa para estar aqui presente e é também uma responsabilidade social motivar os miúdos, os pais e as famílias a virem à prova e dar o exemplo de uma vida saudável”, frisou o benfiquista.
Também presentes na apresentação, Dulce Félix (vencedora em 2009, 2013 e 2014) e Ricardo Ribas vão, desta vez, participar fora do contexto de alta competição, mas a atleta “estará atrás a torcer” pelas atletas femininas, enquanto o ex-atleta ambiciona vir a ganhar um dia a prova como treinador, já que nunca a conquistou como atleta.
O organizador da corrida, Hugo Sousa, mencionou algumas das novidades nesta edição da São Silvestre de Lisboa, ainda condicionada pela pandemia, a nível de inscrições (o número baixou das habituais 12.000 para 8.000) e de testagem, pois as novas medidas requerem um teste negativo em eventos ao ar livre com mais de 5.000 participantes.
“É um transtorno para todos, mas um alívio também. Vamos ser rígidos em relação a isso. Não vamos entregar dorsais sem a apresentação do certificado de testagem. Há atletas a rejeitar, mas não vamos ser flexíveis. Vamos ter uma quebra, mas estaremos tranquilos pois sabemos que todos foram testados”, explicou o diretor da HMS Sports.
Para além da testagem obrigatória, a organização também aumentou o espaçamento na linha de partida, que se dividirá em sete vagas, sem exceder os 1.000 corredores em cada uma, numa edição que bateu igualmente o recorde de mulheres inscritas (37%).
A elite feminina parte às 17:26 e a masculina às 17:30, numa prova de 10 quilómetros, com início e meta na Praça dos Restauradores, percorrendo a zona histórica de Lisboa.
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