Nasra Abukar Ali entrou na história do atletismo ao conseguir na terça-feira passada o pior tempo de sempre numa prova dos 100 metros, durante os 31.º Jogos Mundiais Universitários de Verão, que decorrem na cidade chinesa de Chengdu.
A atleta (!) da Somália terminou a prova com 21.81 segundos, 10 segundos depois da vencedora, a brasileira Gabriela Silva Mourão.
Num dos vídeos que circula nas redes sociais, Nasra Abukar Ali, que usa um véu e corre de calças, olha para as concorrentes de lado para aprender como se colocar nos blocos, antes da partida. Logo nos primeiros metros, dá para ver que a atleta não está, nem de perto nem de longe, preparada para uma prova dos 100 metros.
De acordo com relatos que chegam da Somália, Nasra Abukar Ali é sobrinha do presidente da Federação de atletismo daquele país africano.
Veja a prova
Presidente da Federação de atletismo da Somália suspenso após selecionar sobrinha para Jogos Universitários
O ministro dos Desportos da Somália, Mohamed Barre Mohamud, já reagiu ao caso e acusou a Federação Nacional de Atletismo de ter ridicularizado o país, ao ter selecionado uma representante não registada para a prova dos 100 metros.
Num vídeo que se tornou viral nas redes sociais, a jovem, que usa um véu e corre de calças, identificada pelo Ministério como Nasra Abukar Ali, cruzou a linha de meta 10 segundos depois da vencedora, a brasileira Gabriela Silva Mourão, o que gerou piadas e causou indignação entre os somalis. Foi o pior tempo de sempre numa prova dos 100 metros nos Jogos Universitários.
Nasra "não é atleta, nem corredora", e não existe nenhuma "federação somali de desporto universitário registada. Khadijo Aden Dahir, presidente da Federação Somali de Atletismo, cometeu ato de abuso de poder, nepotismo e difamação do nome da nação no cenário internacional", escreveu o ministro Mohamud, numa carta enviada na quarta-feira ao Comité Olímpico da Somália.
Mais tarde, o presidente do Comité Olímpico da Somália, Abdullahi Ahmed Tarabi, publicou um comunicado para anunciar a suspensão da dirigente. "Depois de obter provas que indicam como Nasra Abukar Ali foi selecionada, confirmamos que Khadijo Adan Dahir cometeu abuso de poder e nepotismo. Por isso, suspendo temporariamente Khadijo Adan Dahir e o seu caso será avaliado na próxima reunião do Comité Olímpico para novas decisões", escreveu Tarabi.
Nas redes sociais, especulava-se que a atleta é da família de Khadijo Aden Dahir, o que corrobora com a acusação de "nepotismo" lançada pelo Ministério dos Desportos.
Nasra Abukar Ali concedeu uma entrevista a um jornalista somali que foi publicada no Facebook e afirmou que foi "selecionada através de um processo por uma associação desportiva universitária". Nasra negou parentesco com a presidente da federação e disse que o seu mau desempenho se deveu a uma "entorse" sofrida pouco antes da corrida.
A Somália ocupava a última posição de 180 países no índice de corrupção da ONG Transparência Internacional em 2022.
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