Isaac Nader enalteceu hoje o fim da espera pela conquista de uma medalha internacional, com o bronze nos 1.500 metros dos Europeus de atletismo em pista coberta, nos Países Baixos.

Em Apeldoorn2025, o algarvio de 25 anos, enfrentou a final poucos minutos depois de a namorada, Salomé Afonso, ter conquistado a prata na mesma distância, deixando um lamento ao recordista nacional, com 03.32,59 minutos, estabelecidos em 13 de fevereiro, agora medalhado.

“O que a Salomé fez só foi pena porque não vi. Acreditei que podia ser campeã da Europa, foi segunda, não vi a corrida, só o resultado. Fiquei contente, é bom para a Salomé. Desbloqueia o que precisava, agora acredita mais nela”, respondeu, de pronto, o atleta do Benfica.

Isaac Nader foi o terceiro mais rápido na final, com o tempo de 03.37,10 minutos, atrás de Ingebrigtsen, agora tricampeão da Europa com 03.36,56, e do francês Azeddine Habz, segundo com 3.36,92.

“Nunca esperei ter um sabor tão agridoce da minha primeira grande medalha internacional, porque não consigo desfrutar, há que desfrutar e é preciso ficar contente, mas há pessoas que não conseguem e eu tenho estado nesse limiar”, tentou explicar.

O atleta, que confirmou na pista o terceiro registo do ano entre os inscritos na prova, ficou a cobiçar o segundo lugar de Habz.

“O Ingebrigtsen é muito difícil de ganhar, ainda, e, mesmo assim, ficámos perto. Fica um sabor amargo porque segundo era sempre, mas o francês foi melhor, e foi segundo e eu levo o terceiro”, referiu.

Na zona mista, Isaac Nader recordou algumas mensagens nas redes sociais em que se adivinhava sempre o seu sucesso adiado, até hoje.

“Vestir esta camisola [da seleção portuguesa] tem um peso diferente, e o rabinho fica mais apertado, mas, efetivamente, só comprovei o que era capaz. Dizia-se que, com o Nader, é sempre para a próxima. Agora, já não é para a próxima. Hoje, consegui”, realçou.

A feliz coincidência da dupla conquista do casal, deixou ambos felizes – “a Salomé mais contente porque foi segunda, e eu muito feliz por ela” -, mas também uma nação, porque “Portugal tem mais duas medalhas”, graças a dois atletas que resolveram “sair da zona de conforto, mudar de país”, para serem orientados pelo espanhol Enrique Pascual Oliva, antigo treinador do consagrado Fermín Cacho.

“Estamos aqui devido ao nosso esforço diário e vamos sair contentes, acho que todos os portugueses devem estar contentes e ver em mim e nos nossos colegas motivação e ânimo, por reativarmos o meio fundo português. Cada um tem a sua história, eu fiz a minha, o Rui Silva a dele, a Carla Sacramento a dela, Fernanda Ribeiro, Rosa Mota, cada uma tem a sua. Estamos cá para construir a nossa história, um campeão do mundo não faz com que o terceiro lugar seja apagado. Estou contente por ter conseguido dar este passo na carreira, que era importante para mim”, rematou.

Os 1.500 metros são das provas mais profícuas para Portugal em Europeus sob telha, com um total de seis das 31 medalhas, apenas superado pelo registo do triplo salto e dos 3.000, com oito ‘metais’ cada.

O melhor resultado português em Europeus ‘indoor’ permanece na posse de Rui Silva, o anterior detentor do recorde nacional, que foi três vezes campeão, em Valência1998, Viena2002 e Turim2009.