Sem surpresas, Auriol Dongmo é a nova campeã europeia dem pista coberta no peso feminino, num dia em que Portugal também brilhou no peso masculino, com o quarto lugar de Francisco Belo, com recorde nacional e qualificação olímpica.

Aos 30 anos e já com larga experiência internacional, como atleta dos Camarões, Dongmo competiu pela primeira vez em grandes campeonatos por Portugal, país por quem se naturalizou no final de 2019. Não desiludiu, continuando sem ser batida esta época.

Depois da pandemia de covid-19 lhe ter 'estragado os planos’ para o ano olímpico de 2020, consegue manter-se numa forma excecional, sem baquear, como se viu hoje, em que por apenas por breves momentos perdeu o primeiro lugar, para o recuperar logo de seguida.

“Olhei para ela [a sueca Fanny Roos, quando a passou ao quinto ensaio], e para a marca [19,29 metros], e disse para mim: 'Auriol, o primeiro é o teu lugar, não é de mais ninguém', e lancei com isso na minha mente”, recordou, no final da prova.

Dongmo entrou em pista como líder mundial do ano, com 19,65 metros, e uma passagem 'rápida' pelas qualificações de quinta-feira, a reforçar o favoritismo.

Após um nulo, fez logo 19,21, com a liderança a durar até ao 'tiro' de Roos, na quinta série de lançamentos. Respondeu de imediato e bem, com 19,34, um dos seus melhores lançamentos de sempre.

A sueca, com o recorde nacional conseguido, acabou por surpreender a alemã Christina Schwanitz, antiga campeã europeia, agora bronze com 19,04, sendo que mais ninguém passou a barreira dos 19 metros.

Após o triunfo, Dongmo lembrou o filho pequeno - foi mãe já em Portugal, onde se radicou em 2016 - e o treinador, Paulo Reis, que fez “muitos sacrifícios” para a colocar neste patamar, tendo-o visto, hoje, “muito tranquilo”, ao contrário do habitual, em que é “muito interventivo”.

A estreia vitoriosa em Europeus deixa as melhores perspetivas para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para este verão. Já qualificada, assume que o objetivo é continuar até lá “em boa forma”, tendo como objetivo “alcançar os 20 metros ainda este ano”.

Nunca Portugal tinha conseguido uma medalha no peso em Europeus 'indoor' e logo hoje esteve perto de o fazer por duas vezes, com Francisco Belo a fazer uma prova brilhante no setor masculino, que rendeu o quarto lugar e recorde nacional, além de 'bilhete' para Tóquio.

Após o quarto lugar de há dois anos em Glasgow e de duas épocas de verão 'arruinadas' por lesão, Belo atinge agora o seu melhor e 'promete' chegar ainda mais longe. Chegou a liderar o concurso, mas nos últimos lançamentos acabou por sair do pódio.

De novo às portas das medalhas, Belo ficou a escassos três centímetros do bronze. Além dos 21,28 metros que são recorde nacional (por um centímetro) e marca de qualificação para Tóquio, foi consistente, com mais dois bons lançamentos, a 20,96 e 20,82, e um nulo por muito pouco, que lhe poderia ter assegurado o pódio.

Nos três primeiros lugares ficaram o checo Tomas Stanek com 21,62 metros, seguido do polaco Michal Haratyk com 21,47 e do croata Filip Mihaljevic com 21,31.

Nos 3.000 metros, Mariana Machado não recuperou o suficiente do esforço feito na véspera, na primeira ronda, em que conseguiu um novo recorde nacional de sub-23.

Hoje, 'descolou' cedo do grupo da frente e concluiu em 9.19,61, bem longe dos primeiros lugares. Venceu a britânica Amy-Eloise Markovc com 8.46,43, seguida da francesa Alice Finot com 8.46,54 e de outra britânica, Verity Ockenden com 4.46,60.

O pentatlo feminino rendeu novo ouro para a belga Nafissatou Thiam, grande favorita. Venceu com 4.904 pontos, melhor performance mundial do ano. Seguiram-se-lhe outra belga, Vidts Noor, com 4.791, e a húngara Xenia Krizsán, com 4.644, ambas com recordes pessoais.

No setor masculino, sobressai o 'golpe de teatro' nos 1.500 metros, com o norueguês Jakob Ingerbritsen a chegar na frente, mas a ser desclassificado, por ter pisado a linha interior.

Jakob realizou um 'contrarrelógio' impressionante. O jovem atleta de 20 anos, mas com um palmarés que impressiona, parecia estar a bater com clareza o experiente polaco Marcin Lewandowsi.

Após a desclassificação do norueguês (cronometrado em 3.37,56), quem ficou com as medalhas foi Lewandowski (3.38,06) e os espanhóis Jesus Gomez (3.38,47) e Ignacio Fontes (3.39,86).

Na outra final do dia, o grego Miltiadis Tentóglou obteve a medalha de ouro no comprimento com um salto de 8,35 metros, melhor performance mundial da época. As restantes medalhas foram para o sueco Thobias Montler (8,31) e para o finlandês Kristian Pulli (8,24), ambos com recorde nacional.