O antigo recordista mundial angolano paralímpico, José Sayovo, deixou as medalhadas de lado e é hoje um dos exemplos de aposta de Angola na agricultura, ao nível das pequenas produções, apesar das dificuldades que enfrenta.
O antigo velocista da classe T11 (cegueira total), agora com 44 anos, recordou, em entrevista à Lusa, que ao longo da carreira de 15 anos conquistou um total de 49 medalhas entre as quais oito nos Jogos Paralímpicos de Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012).
Hoje, José Sayovo dedica-se à agricultura na fazenda de 900 hectares que possui na província do Huambo "fazendo agricultura", como forma de garantir o sustento aos oito filhos.
"Tenho uma pequena carrinha mas é insuficiente. Preciso de uma carrinha de pelo menos 3,5 toneladas para me facilitar, visto que parte dos produtos acaba por apodrecer", apontou o antigo atleta.
Angola vive uma profunda crise financeira e económica, decorrente da quebra nas receitas petrolíferas, tendo o Governo lançado há mais de um ano um programa nacional para diversificação da economia, que assenta na agricultura, visando aumentar as exportações e cortar nas importações.
José Sayovo, um dos atletas angolanos mais medalhados de sempre, já leva um ano de aposta na agricultura e diz-se satisfeito. Após de deixar o atletismo de alta competição em 2012, com momentos de gloria como foi a conquista de três medalhas de ouro nos Jogos de Atenas 2004 batendo o recorde nos 100, 200 e 400 metros, concilia a agricultura com a formação dos futuros atletas.
"Estou a incentivar a nova geração de atletas paralímpicos, ensinando a sua preparação para fazerem parte das grandes montras do desporto internacional na categoria. E temos já criada uma associação com esse fim", adiantou.
"Hoje tenho sido valorizado e apenas tenho de agradecer a sociedade angolana e não só", concluiu antigo campeão paralímpico angolano.
O desporto adaptado em Angola é superintendido por um Comité Paralímpico, que faz o acompanhamento dos atletas portadores de deficiência em distintas modalidades.
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