O presidente da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC) considerou hoje que a falta de apoio aos clubes, encerrados devido à pandemia de covid-19, está a gerar graves problemas e pode “hipotecar uma geração de atletas”.
“Há clubes que não têm qualquer meio de subsistência e, possivelmente, já fecharam portas. Sei de clubes que já despediram treinadores e colaboradores”, disse Vítor Félix, em declarações à agência Lusa, acrescentando: “Só vamos ter conhecimento desta realidade preocupante quando tudo voltar à normalidade.”
O dirigente federativo lembrou que, com o encerramento dos clubes, os “atletas vão desmobilizando e, quando houver retoma, alguns não vão voltar”.
“Há toda uma geração de formação que se vai perder”, afirmou Vítor Félix, lembrando que “o modelo desportivo em Portugal assenta muito nos pequenos clubes, ou seja, naqueles que estão a sentir as maiores dificuldades”.
O presidente da FPC, organismo que conta com 150 clubes filiados, dos quais 80 têm a vertente de competição, lembrou que a questão da falta de apoio aos clubes é “transversal” a muitas modalidades e destacou os alertas que têm sido feitos para o problema pelos comités olímpico e paralímpico e pela Confederação do Desporto de Portugal (CDP).
“O secretário de Estado da Juventude e Desporto já disse que estava previsto um pacote de apoio aos clubes. No entanto, ainda não vimos nenhum documento que o fundamentasse”, disse.
Vítor Félix lamentou que Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), colocado na terça-feira em consulta pública pelo Governo e que prevê um total de 13.900 milhões de euros em subvenções, “não faça qualquer menção do desporto”.
“Já é o terceiro documento estrutural de recuperação económica devido à pandemia sem alusão a este problema”, referiu.
O líder federativo defende que as soluções para fazer face aos problemas dos clubes passam, “como já foi defendido por várias estruturas pela constituição de um fundo social de apoio ao desporto, por medidas de apoio à retoma gradual da atividade desportiva dos escalões de formação e por uma redistribuição das verbas dos Jogos Sociais”.
O presidente da FPC elogiou o facto de o Governo ter prolongado os apoios aos programas de preparação olímpica e paralímpica após o adiamento dos Jogos Tóquio2020 para o verão de 2021 devido à pandemia de covid-19.
“É de saudar que o Governo tenha salvaguardado as preparações olímpica e paralímpica”, disse, lembrando que Portugal tem já asseguradas sete vagas nos Jogos Olímpicos e uma nos Paralímpicos, nos quais Portugal fará a sua estreia na modalidade.
Vítor Félix mostrou-se esperançado em conseguir ainda mais vagas para as duas competições: “Para os Jogos Olímpicos tencionamos lutar por mais vagas em maio, e nos Paralímpicos também ainda há a possibilidade de conseguirmos mais uma vaga.”
Comentários