O ‘kitesurfer’ português Francisco Lufinha, que se propõe atravessar o oceano Atlântico, chegou hoje à Madeira, proveniente de Cascais, no primeiro teste oceânico, que durou quatro dias, sem barco de apoio.
“Já conseguimos efetuar um treino com sucesso para o Algarve e agora para a Madeira, apesar de ter demorado o dobro do tempo do que era esperado. Neste teste aprendemos muito. Foi o primeiro teste oceânico, o de maior distância, longe da costa, sem ver terra, sozinho, sem barco de apoio”, explicou Lufinha, em declarações à Lusa.
A EDP Atlantic Mission, consiste em tentar ir de Portugal continental às Caraíbas, saindo de Lisboa, num percurso de 6.700 quilómetros “sem paragens”.
Para o primeiro ensaio de longa distância, rumo à ‘Pérola do Atlântico’, saiu de Cascais na quinta-feira, pelas 17:00, logo no arranque “rebentou um dos ‘kites’, explodiu com a força e depois partiu uma linha”, explicou, referindo serem necessárias quatro linhas para segurar o ‘kite’.
As adversidades iniciais foram ultrapassadas e a chegada à Quinta do Lorde, na freguesia do Caniçal, localizada no extremo oriente da ilha da Madeira, aconteceu na segunda-feira, ao 12:30, dois dias depois do inicialmente previsto.
“Queria demorar dois dias, mas acabei por fazer em quatro. Foram muitas peripécias, muitos percalços com o ‘kite’ que caía, por vezes por erro meu, devido ao cansaço e o sono”, afirmou o engenheiro de gestão industrial, de 38 anos.
Cada vez que o ‘kite’ caía na água, por vezes era recuperado em 20 minutos, explicou Francisco Lufinha, mas “em outras vezes as linhas enrolavam-se e ficava três horas a tentar desenrolar”.
Com esta viagem, o ‘kitesurfer’ percebeu que “não podia fazer contas à velocidade do barco”, o que implica carregar o barco com mais previsões do que as suficientes para os dias previstos de viagem.
Ainda há a hipótese de o barco utilizado para atravessar o Atlântico não ser o mesmo, tendo em conta que o que está a ser utilizado “entra muita água quando anda rápido, porque é muito baixo” e falta espaço a bordo.
“O barco utilizado é um trimaran, tem três cascos – um no meio, onde tem a cabine, construído por nós, onde tem dois computadores, e um de cada lado – e é tudo ligado por redes como se fosse um trampolim, onde vai guardada a comida e equipamentos suplentes”, contou o atleta, que detém desde 2015 o recorde mundial da maior viagem de ‘kitesurf’ sem paragens.
“Quando estou a bordo a alimentação tem de ser a mais leve possível, para conseguir levar uma quantidade que dá para dias ou semanas. Levo pacotes de comida desidratada, aos quais junto água no momento de cozinhar ou posso comê-las frias, como fiz para ir para a Madeira, recorrendo apenas às receitas mais quentes ao jantar para aquecer”, frisou.
Quanto à travessia pelo Atlântico, assume que “adorava cumprir em três semanas”, mas deu o exemplo do último teste.
“Adorava cumpri-la em três semanas, mas para a Madeira também queria fazer em dois dias e foram quatro, por isso, num instante três semanas passam para seis”, apontou o atleta natural de Lisboa.
Quanto à data da derradeira aventura até às Caraíbas, garantiu que parte “assim que houver uma janela de vento norte em novembro”.
Francisco Lufinha confidenciou ainda que a paixão pelo mar, herdou dos pais, tendo realizado a primeira viagem de barco no mesmo mês que nasceu.
“Esta paixão pelo mar começou com os meus pais. Nasci em agosto e nesse mesmo mês fiz férias com os meus pais e irmãs mais velhas de barco e, nos anos todos que se seguiram, continuamos a ir. Fiquei com equilíbrio e muito à vontade em barcos graças aos meus pais”, sublinhou.
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