A falta de infraestruturas, o baixo número de treinadores, dirigentes, árbitros e apoios, o índice reduzido de atividade física ou a incapacidade financeira foram hoje elencados como os principais desafios das federações de patinagem, andebol, voleibol e basquetebol.
Num painel na conferência Record Summit, denominado “Modalidades de pavilhão: desafios e oportunidades nos próximos anos”, marcaram presença os presidentes da Federação de Patinagem de Portugal, Luís Sénica, da Federação de Andebol de Portugal, Miguel Laranjeiro, e da Federação Portuguesa de Voleibol, Vicente Araújo, e também o vice-presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Miguel Pereira.
“As infraestruturas são um dos nossos maiores desafios. É um grande problema. No voleibol, temos 10 escalões, no masculino e no feminino, que jogam ao fim de semana. Ainda temos de conciliar isso com as outras modalidades no mesmo espaço. Não só temos falta de infraestruturas, como a maior parte das que temos estão degradadas. Não reúnem as melhores condições para praticar desporto”, apontou Vicente Araújo.
O líder federativo de voleibol adiantou ainda que, em Portugal, apenas a MEO Arena, em Lisboa, tem capacidade para albergar competições internacionais das modalidades, e destacou o crescimento “fora do normal”, de 70% de voleibolistas do sexo feminino.
“Todos os dias aparecem novas meninas a perguntar onde podem jogar. Faltam-nos estruturas de acolhimento. Também temos dificuldades com os dirigentes e os clubes têm de procurar apoios. Se queremos dar resposta à procura, temos de ter estruturas profissionais nos clubes e não é possível. Se não inovarmos, não temos sucesso”, disse.
Miguel Laranjeiro lembrou a importância da cultura de clubes para alavancar todas as modalidades, “por toda a marca e investimento que têm”, sobretudo os ‘três Grandes’, e corroborou a “rutura de espaços de pavilhão” para impedir o aumento da atividade.
“O nível baixo de atividade física e desportiva em Portugal é dramático. Não é fácil pela exposição mediática, tem de haver uma atitude diferente para podermos ter igualdade de oportunidades. Há 20 anos, viam-se mais modalidades na televisão do que agora. É ao contrário do que devia ser. Todos temos de estar imbuídos na cultura desportiva e temos de dar às crianças a oportunidade de experimentar diversos desportos”, frisou.
Já Luís Sénica lembrou a criação, durante a pandemia, de um grupo de trabalho que reuniu os responsáveis pelas quatro modalidades de pavilhão e o futebol, a favor da causa comum do desporto, num momento em que se perderam muitos desportistas.
“Foi uma causa muito descomplexada e natural, onde todos estávamos pelo mesmo objetivo. Nenhum de nós é rival ou opositor, e todos percebemos o papel do futebol. Os desafios não são contra o futebol, não podem ser. Eu tenho o desafio acrescido de liderar diversas disciplinas de sucesso em Portugal: hóquei em patins, skate, patinagem artística e de velocidade. Somos uma potência dentro de um contexto internacional. Tenho de ter a capacidade de fazer promover todas as outras disciplinas”, sublinhou.
Se Luís Sénica assume que a federação que lidera se considera “a NBA do hóquei em patins”, o vice-presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol realçou que o alto investimento da Liga norte-americana e das competições europeias “envolvem níveis de investimento incomportáveis” para Portugal, o que se reflete depois nos resultados, apontando ainda outras dificuldades, embora tenha existido um crescimento recente.
“Estamos a crescer e esse sempre foi um dos grandes objetivos definidos, antecipando a prática da modalidade ao investir nas gerações mais jovens. A questão dos horários escolares demasiado pesados obriga-os a treinar a horas tardias e condiciona a prática desportiva. Ao mesmo tempo, aperta o período em que os pavilhões são utilizados. Às vezes, a qualidade é má, seja por instalações insuficientes ou de má qualidade, seja por dificuldades em ter treinadores qualificados para os escalões de formação”, salientou.
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